• Para oposicionistas, o anúncio prévio do presidente da Câmara de que poderia deferir os requerimentos no início da semana, é uma pressão para que membros petistas do colegiado revejam suas posições e ajudem a arquivar o processo contra o peemedebista
Daniel Carvalho e Daiene Cardoso - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Na avaliação de parlamentares de oposição ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele deve deliberar sobre os pedidos mais consistentes de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff só após a terça-feira, 1º, dia da votação do parecer prévio que pede a admissibilidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra ele no Conselho de Ética.
Apesar de ter dito nessa quinta-feira, 26, que poderia despachar sobre os sete pedidos de afastamento da petista pendentes na segunda-feira, 30, Cunha sinalizou que decidirá sobre os requerimentos esperados pela oposição depois desse dia. Ao menos um dos pedidos tem parecer técnico favorável pela abertura do processo contra Dilma.
Embora o peemedebista negue a relação, a oposição acredita que ele só despachará os pedidos de impeachment relevantes após a sessão do Conselho de Ética. A expectativa é que o início do processo de impeachment da presidente Dilma e a votação da admissibilidade da ação contra Cunha abram a semana no Congresso Nacional.
Hoje o peemedebista disse que vai estudar os processos no final de semana e que na segunda-feira vai debatê-los com sua assessoria técnica. Ele afirmou que pode adotar, parcialmente ou integralmente, a recomendação dos técnicos ou simplesmente não seguir os pareceres. "A decisão é sempre minha. A responsabilidade também", declarou.
Na avaliação da oposição, ao anunciar previamente que pode deferir os pedidos de impeachment logo no início da semana, Cunha coloca pressão sobre os petistas para que os três membros titulares do partido no Conselho de Ética revejam suas posições e ajudem a arquivar o processo disciplinar. "Ele quer fazer pressão para o PT não vacilar", concluiu um tucano.
Desde que romperam com o peemedebista, os oposicionistas têm defendido abertamente que é preciso garantir a continuidade da ação contra Cunha no Conselho de Ética. Se o processo de impeachment for deflagrado, dizem os tucanos, será bem-vindo. "Não vamos renunciar ao processo contra Dilma porque o Eduardo passou a caneta", enfatizou um deputado do PSDB.
"Efeito Delcídio". A prisão do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), gerou um clima de apreensão na Câmara e parlamentares acreditam que Cunha pode ser o próximo a cair. "O negócio do Delcídio piorou as coisas para ele (Cunha). É o efeito Orloff: eu sou você amanhã", concluiu um parlamentar, se referindo a uma propaganda dos anos 80 da vodka.
Membros do Conselho de Ética afirmam que a prisão de Delcídio coloca mais pressão sobre o colegiado para que os integrantes ajam com "razoabilidade e respeito". "O momento político, econômico e jurídico conspiram para ações mais responsáveis", disse o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).
Se a votação da admissibilidade fosse hoje, 27, a avaliação de conselheiros e aliados de Cunha é que o placar seria 11 votos pela continuidade da ação e nove contra. Os aliados do peemedebista contam com dois votos do PP, dois do PR, dois do PMDB, um do PSC, um do PSD e um do Solidariedade.
O voto do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) ainda não é uma garantia. Interlocutores de Cunha dizem que Sá andou se desentendendo com ele e sua tropa do choque corre contra o tempo para reverter o voto.
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