Por Andrea Jubé – Valor Econômico
BRASÍLIA - A três semanas do recesso parlamentar, o governo tenta reverter em tempo hábil a perda de um de seus principais articuladores no Congresso Nacional, o líder no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), preso na quarta-feira. Hoje o mais cotado no Palácio do Planalto para sucedê-lo é o senador Wellington Fagundes (MT), líder do PR, embora o PT atue para garantir a manutenção do cargo com a bancada.
Fagundes é um dos quatro vice-líderes do governo no Senado, que respondem pelo cargo, interinamente, conforme nota oficial do Planalto divulgada na quarta-feira. Há urgência na busca de um substituto, diante das votações prementes de interesse do governo, como o projeto de repatriação de recursos, a revisão da meta fiscal de 2015 e a Lei Orçamentária de 2016.
Uma fonte do Planalto descreveu Fagundes como um parlamentar metódico e engajado. Tem experiência parlamentar - está na primeira legislatura de senador, mas acumula seis mandatos de deputado federal - e, assim como Delcídio, transita com desenvoltura na oposição. Foi filiado ao PSDB (1999-2001) e vice-líder do bloco governista no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Fagundes só não se reuniu com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, nos últimos dias porque está em viagem para os Estados Unidos. Ele divulgou nota informando que na próxima semana, reúne-se com os demais vice-líderes e com os senadores do PR, que o elegeram líder há oito dias.
Mas o PT fez chegar ao Planalto que não pretende renunciar à liderança, que até o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, esteve com o PMDB. Os petistas têm dois nomes: Paulo Rocha (PA), que também é vice-líder, e José Pimentel (CE), que é líder do governo no Congresso, responsável pela votação de matérias orçamentárias e vetos. Um auxiliar de Dilma ressalva que Rocha foi envolvido no escândalo do mensalão. O Supremo Tribunal Federal o absolveu em 2012 de todas as acusações, mas após o trauma da prisão de Delcídio na Operação Lava-Jato, o governo quer distância de problemas. Quanto a Pimentel, o governo prefere mantê-lo onde está.
No Planalto, o ex-líder governista Romero Jucá (PMDB-RR) é apontado como alguém que desataria, habilmente, metade dos nós do governo hoje no Congresso. Ele mantém interlocução com os principais ministros - Wagner, Berzoini, Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) - e ajuda o governo. Mas se fosse convidado para retornar ao cargo, recusaria.
Até a próxima semana, Wagner e Berzoini podem cogitar outros nomes, mas as opções são escassas. Poucos se habilitam a liderar um governo frágil e impopular. Era assim no começo do ano: a função de líder no Senado ficou vaga nos primeiros cinco meses, até Delcídio assumir o cargo no dia 28 de abril, sob pressão. Ele preferia ficar, exclusivamente, com a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que conquistou após embate interno na bancada com Gleisi Hoffmann (PT-PR).
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