- O Estado de S. Paulo
A prisão, nessa quarta-feira, 25, do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), pela Polícia Federal, acusado de tentar atrapalhar investigações da Lava Jato contra ele, criou dificuldades para o governo Dilma Rousseff. A primeira foi o adiamento da votação de medidas ajuste fiscal no Congresso. Saiba cinco impactos da prisão do petista para o Palácio do Planalto:
1. Atraso nas votações de projetos do ajuste fiscal
O governo não conseguiu com que fosse votado, nessa quarta, o projeto que altera a meta fiscal de 2015 para prever déficit primário de até R$ 119,9 bilhões nas contas públicas. A sessão do Congresso que votaria a proposta foi transferida para 3 de dezembro. O adiamento traz riscos legais para o governo. A presidente Dilma Rousseff tem até o dia 30 para editar o próximo decreto de programação orçamentária, o que ocorrerá sem a nova meta fiscal aprovada. Dilma terá de escolher entre fazer um duro corte de despesas federais, que pode paralisar a administração, ou repetir manobra que já foi considerada ilegal pelos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), baseando o decreto na premissa da nova meta fiscal de 2015, ainda não votada pelo Congresso. Além disso, pode haver atraso na votação, pelo Senado, do projeto que permite a repatriação de recursos de brasileiros no exterior. Delcídio Amaral seria designado relator nas três comissões temáticas da Casa. Agora outro nome terá de ser escolhido.
2. Desarticulação na base aliada
Delcídio era considerado articulador político habilidoso. Ele ajudou o governo a recuperar alguma tranquilidade na relação com a base aliada no Congresso, rebelada diante da crise política e das ameaças de impeachment de Dilma. O Palácio do Planalto deve ter dificuldades para encontrar nome de mesmo porte político que o substitua, pois já houve embaraços na definição do cargo no início do mandato, quando a liderança do governo no Senado ficou cinco meses sem ocupante.
3. Risco de divulgação de informações estratégicas
Governistas se preocupam com o risco de Delcídio, em seus depoimentos à Polícia Federal ou eventualmente em uma delação premiada, caso feche acordo com a força-tarefa da Lava Jato, divulgar informações que comprometam nomes ligados ao Palácio do Planalto. Como líder do governo e ex-diretor da Petrobrás, ele teve acesso a informações estratégicas para o governo.
4. Forma de lidar com o caso pode rachar ainda mais o PT
A maneira do Palácio do Planalto e da direção do PT lidarem com o caso envolvendo Delcídio pode rachar ainda mais o partido da presidente Dilma Rousseff. A direção do PT e a bancada no Senado já tiveram comportamentos distintos após a prisão do petista. O presidente do partido, Rui Falcão, divulgou nota na qual afirmou que o “PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade com o senador”, mas nove dos 13 senadores petistas votaram pela liberação de Delcídio da cadeia.
5. Governo volta ao centro do noticiário sobre Operação Lava Jato
A prisão de seu líder no Senado leva o governo de volta ao centro do noticiário envolvendo a Operação Lava Jato em momento no qual o Palácio do Planalto comemorava o arrefecimento de notícias negativas envolvendo governistas. Ex-tucano, Delcídio Amaral aproximou-se do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff desde que era filiado ao PSDB e diretor de Gás e Energia da Petrobrás. As notícias envolvendo corrupção no governo podem vir a afetar a já combalida popularidade de Dilma.
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