• Ato era contra desativação de unidade da Usiminas em Cubatão
Jaqueline Falcão - O Globo
-SÃO PAULO- Trabalhadores e policiais militares entraram em confronto ontem durante um protesto em frente à unidade da Usiminas, em Cubatão, na Baixada Santista, em São Paulo. A manifestação foi convocada por sindicatos para protestar contra a decisão da empresa de paralisar a produção de placas de aços planos na unidade. A desativação total das atividades na fábrica pode levar à demissão de até 8 mil empregados.
Em 29 de outubro, junto com o balanço do terceiro trimestre, a Usiminas anunciou que irá desativar gradualmente a produção da sua usina siderúrgica de Cubatão, a antiga Cosipa, como “medida de adequação à condição de mercado”. Um dos altos-fornos da unidade já havia sido desligado em maio. Em setembro, a empresa suspendeu a produção de chapas grossas usadas na produção de navios e máquinas pesadas. A previsão para a conclusão do processo de desativação da unidade é de três a quatro meses.
Grupo bloqueia entrada da fábrica
A Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) foi inaugurada em 1963 pelo presidente João Goulart. Em 1993, foi privatizada e passou a integrar o conglomerado da Usiminas.
A Usiminas vive uma acirrada disputa entre seus acionistas controladores — a japonesa Nippon Steel & Sumitomo e a ítalo-argentina Terniun. O anúncio da intenção de suspender a produção aconteceu no mesmo dia em que a companhia divulgou um prejuízo de R$ 1,04 bilhão no terceiro trimestre, depois de já ter registrado perdas de R$ 780,8 milhões no trimestre anterior. De acordo com a empresa, a queda nas receitas e as perdas decorreram de um declínio de 1,6% nas vendas de aço no mercado interno, e de uma retração de 35,8% nas vendas de minério de ferro.
Na manifestação de ontem, houve confusão quando um grupo de sindicalistas tentou impedir a entrada de ônibus que chegavam com funcionários para o trabalho. Eles tentavam convencer os trabalhadores a aderirem ao movimento.
A Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e até balas de borracha para dispersar as cerca de 300 pessoas que estavam no local. A cavalaria da PM também foi acionada. Dois sindicalistas foram detidos. Participaram do ato representantes de cerca de 50 sindicatos.
Após o confronto, houve um ato nas ruas da cidade com a presença da prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), que criticou a ação da PM. A prefeitura chegou a decretar ponto facultativo a partir das 11h para incentivar os moradores a participarem da manifestação.
A siderúrgica é uma das maiores empresas da cidade, com forte peso na arrecadação — só no ano passado, a Usiminas foi responsável pela entrada de mais de R$ 100 milhões nos cofres municipais. A empresa emprega trabalhadores de diversas cidades da Baixada Santista. Em nota, a empresa declarou que lamentava o descumprimento pelos sindicalistas de decisão da Justiça do Trabalho que, na véspera dera garantia de livre manifestação aos sindicalistas, desde que estes não impedissem o acesso dos empregados à fábrica.
Números
R$1 BI DE PREJUÍZO Resultado da Usiminas no 3º trimestre
8 MIL DEMISSÕES É o total de trabalhadores que podem ir para a rua se a fábrica de Cubatão fechar
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