Por Vandson Lima, Andrea Jubé e Fábio Pupo – Valor Econômico
BRASÍLIA - O ministro Joaquim Levy insistiu anteontem, em jantar com senadores, que as medidas de ajuste fiscal formam o "caminho natural" para a retomada do crescimento da economia e defendeu a recriação da CPMF. O encontro, organizado na casa do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), foi duro para o ministro. Levy ouviu calado quase duas horas de críticas de senadores da base aliada e da oposição à política econômica. Nenhum deles - nem mesmo os cinco petistas presentes - saiu em sua defesa. "Levy foi massacrado", disse Romero Jucá (PMDB-RR).
Governistas se calam em jantar de ataques a Levy
Em sua peregrinação pela aprovação de medidas do ajuste fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy insistiu anteontem, em jantar com senadores, que estas formam o "caminho natural" para a retomada do crescimento da economia e afirmou que a recriação da CPMF é a "âncora fiscal" para garantir o reequilíbrio das contas públicas.
O encontro, organizado na casa do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), foi árduo para o ministro. Levy ouviu calado quase duas horas de críticas de senadores da base aliada e da oposição à política econômica. Nenhum senador, nem mesmo os cinco petistas presentes, saiu em sua defesa. Ele não quis responder se poderia deixar o cargo em um futuro próximo.
"Levy foi massacrado", definiu o senador Romero Jucá (PMDB-RR). "Ele ficou ouvindo duas horas de massacre e no final defendeu o ajuste fiscal. Os senadores disseram a ele que a CPMF não passa porque só aumento de imposto não adianta, são necessárias medidas estruturantes", relatou. Segundo outros senadores presentes, partiram de Tasso Jereissati (PSDB-CE), Blairo Maggi (PR-MT) e Roberto Requião (PMDB-PR) as críticas mais contundentes ao ministro.
Em linhas gerais, os senadores reclamaram que a política restringe-se a "cortes e impostos", sem expectativa de futuro.
Em sua manifestação, Maggi ponderou que todas as medidas que Levy pediu ao Congresso na primeira fase do ajuste foram entregues, mas a economia não respondeu e ele fez novas demandas. Num complemento à fala de Maggi, o senador Reguffe (PDT-DF) observou que "não adianta vento bom se a nau não tem rumo". Roberto Requião disse que gosta "pessoalmente" de Levy, mas que detesta a sua política econômica.
Nenhuma liderança governista, nem senadores do PT, saíram em defesa de Levy. Compareceram o líder do governo, Delcídio Amaral (PT-MS), o líder do PT, Humberto Costa (PE), e os senadores Walter Pinheiro (BA), Gleisi Hoffmann (PR), Jorge Viana (AC) e Lindbergh Farias (RJ), da bancada petista.
Após ouvir as intervenções, Levy disse que a CPMF é necessária para garantir uma receita extra de R$ 32 bilhões, e que também poderá reforçar os cofres de Estados e municípios. Observou que o nível de endividamento das famílias brasileiras é baixo e que após completado o ajuste nos moldes que defende, a economia responderá "naturalmente".
Convidado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), optou por um jantar com o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos. Estiveram presentes 40 dos 81 senadores, sendo 11 do PMDB, que também levou o ex-presidente da República José Sarney.
Logo após circularem notícias sobre as dificuldades enfrentadas por Levy no jantar, o Ministério da Fazenda emitiu nota oficial em que o ministro agradece aos senadores pelos comentários feitos no jantar. "Obrigado pela oportunidade de ouvir o sentimento e avaliação de cada um e especialmente a receptividade com que fui brindado. O compromisso com o Brasil e o espírito de cooperação entre a mais alta liderança do país na busca de soluções nesse momento de tantas incógnitas foram as principais impressões que levei daqueles momentos", afirma o texto do ministro.
Ele aproveita para fazer mais uma defesa da segurança fiscal. Diz que é preciso garantia no curto prazo de receitas necessárias para o equilíbrio das contas públicas. Além disso, Levy cita a necessidade de reformas estruturais. "Os instrumentos mais habituais de estímulo à economia já foram usados à exaustão. Portanto, teremos que trabalhar para enfrentar questões estruturais, de forma a dar competitividade ao país", afirma o ministro, que defendeu ainda o enfrentamento da burocracia relacionada a impostos e ao ambiente de negócios que propicie a "modicidade dos juros".
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