- Diário do Poder
A grave crise econômica que abate o Brasil, agravada pela tremenda incompetência do PT e pelo desmantelo da corrupção, também afeta um setor determinante para o futuro de qualquer nação, mas que não parece atrair a atenção do governo de Dilma Rousseff. A área científica, capaz de mudar a realidade do país, é uma das que mais vem sendo penalizadas pela irresponsabilidade que marca a atual administração.
No intervalo de apenas um ano, entre 2013 e 2014, houve uma drástica redução no investimento destinado à ciência por meio dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, de R$ 2 bilhões para R$ 1,4 bilhão. Para piorar, enquanto a média mundial de investimento no setor é de 2,1% do Produto Interno Bruto, segundo dados de 2011 da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do Banco Mundial, o Brasil reserva apenas 1,2% de seu PIB à pesquisa e à inovação científica, ocupando um modesto 30º lugar em uma lista de países encabeçada pela Coreia do Sul (4%).
O descaso com que o governo lulopetista trata uma área tão crucial fica evidenciado quando se observa com atenção alguns dos maiores problemas enfrentados pelos profissionais da ciência nos últimos anos. Houve, por exemplo, redução de recursos dos fundos setoriais, voltados a áreas mais específicas, com transferência irrisória de recursos para a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), uma empresa pública criada com o objetivo de investir em ciência, mas que tem repassado verba cada vez mais escassa para a pesquisa científica.
Os novos editais que deveriam garantir o pleno funcionamento dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), criados em 2008 para desenvolver da pesquisa básica até os estudos mais avançados, não vêm sendo honrados porque é justamente a área científica aquela primeiramente atingida pelos cortes do governo em tempos de crise. Outro drama é vivenciado nos órgãos estaduais de ciência, duramente atingidos pela crise. No Rio de Janeiro, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado interrompeu momentaneamente a liberação de novos recursos, enquanto em São Paulo, apesar de não haver cortes, os institutos operam com apenas metade do número necessário de pesquisadores.
Infelizmente, há amplos setores do PT e do atual governo incapazes de enxergar a importância estratégica de o Brasil estar bem posicionado nesse campo. Prevalece entre eles uma visão dogmática, muitas vezes contaminada por matizes ideológicos, que encara o desenvolvimento tecnológico como uma ameaça aos trabalhadores, cujos empregos estariam em risco. Essa leitura anacrônica do mundo contemporâneo pode ser interpretada quase como uma espécie de “ludismo do século 21” – o que nos remete ao movimento ludista, datado do início da Revolução Industrial, quando trabalhadores quebravam as máquinas como forma de protesto contra a mecanização de suas atividades. Nos dias de hoje, trata-se, evidentemente, de uma visão obscurantista, infelizmente compartilhada por alguns setores mais reacionários e atrasados da esquerda, que se prendem ao passado e atuam contra o avanço da sociedade.
Se o Brasil quiser sair da crise e se desenvolver como nação, abrindo as portas para o desenvolvimento e se lançando com autonomia ao futuro, devemos enfrentar com urgência o apagão científico que o governo do PT deixa como um de seus mais perversos legados. Só nos libertaremos do atraso e nos firmaremos como uma sociedade plena de conhecimento, pronta para alcançar um novo patamar no cenário mundial, quando a ciência se transformar em absoluta prioridade. O futuro é agora e não pode mais esperar.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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