“O PT adotou uma fatal e antipatriótica pedagogia política maniqueísta que, ideologicamente, dividiu o Brasil em dois grandes países antagônicos e inconciliáveis. Convenceu seus eleitores de que o povo brasileiro é um povo separado em duas populações: de um lado, a dos ricos e poderosos que há 500 anos oprimem e exploram o povo, massa de privilegiados que abrange todos aqueles que não são petistas; de outro lado, a massa dos pobres e oprimidos, supostamente há cinco séculos explorados e dominados, que são os que presumivelmente se identificam com o PT e nele votam. Mesmo os abonados e amplos setores da classe média, como é o caso dos muitos funcionários públicos que a ele se ligaram. Adotaram o partido, na pedagogia de sua crença política, e adotaram seus seguidores, uma simplificadora concepção de Brasil, na qual eles próprios não se enquadram.
Na verdade, há nessa concepção estereotipada de país grande e deplorável desconhecimento da história brasileira e um didatismo enganador que foram fatores de bloqueio da consciência crítica dos petistas. Consciência que lhes teria permitido verem-se e entenderem-se como sujeitos de contradições e expressões da tensão dialética que dá rumo ao processo histórico. Os petistas não compreenderam que não estão sozinhos na trama de decisões e ações que definem o destino de todos. “
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José de Souza Martins, ‘Do PT das lutas sociais ao PT do poder’, pp. 16-17 Editora Contexto, São Paulo, 2016
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