Por Vandson Lima - Valor Econômico
BRASÍLIA - Presidente do Congresso Nacional, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) recebeu na noite de quarta-feira em sua residência oficial parlamentares do PT, em reunião que contou ainda com os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Helder Barbalho (Portos), ambos do PMDB.
O encontro, um dos vários que ocorrem neste momento em Brasília para discutir prognósticos de votações e desdobramentos do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mostra que os senadores já trabalham intensamente nas ações do dia seguinte à votação na Câmara dos Deputados.
Aos petistas, Renan reiterou que obedecerá os ritos do processo, caso este chegue à Casa, apesar da grande pressão que tem sofrido para acelerar o calendário até o afastamento de Dilma.
Presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) defendeu ontem que o Senado cumpra "os prazos mínimos" na tramitação, evitando que haja um eventual vácuo de poder, no qual Dilma estaria fragilizada por um revés na Câmara e Michel Temer ainda não poderia assumir o posto por uma eventual demora da decisão do Senado. Dilma só será afastada após os senadores aprovarem a admissibilidade do processo. Pelo rito estimado, a decisão sairia em meados de maio.
"O calendário é um balizamento da votação. É um prazo máximo. É muito importante que a decisão do Senado possa ocorrer rapidamente. Não dá pra ter uma falta de legitimidade de uma presidente, em tese, já afastada, e a falta de posicionamento do Senado. Não podemos ter um hiato muito grande nessa falta de comando", avaliou Jucá.
Jucá contou que Temer ficou "satisfeito" com a decisão da bancada do PMDB na Câmara de se posicionar majoritariamente pelo impeachment. "Ele ficou satisfeito com o posicionamento pela unidade da bancada. A grande maioria entende que o PMDB tem um papel decisivo na recuperação do país. Isso nos enche de responsabilidade e compromisso de fazer com que tenhamos um novo momento".
Segundo Jucá, Temer está "tranquilo, acompanhando os fatos e conversando com políticos e partidos que o estão procurando". O vice ficará em Brasília até hoje, mas não estará na capital no fim de semana da votação, afirmou o presidente do PMDB.
Já o PSDB do Senado concentra esforços na definição de integrantes que farão parte da comissão que pode afastar Dilma. A bancada bateu o martelo e, caso lhe caiba ocupar a presidência ou relatoria dos trabalhos, indicará o senador Antonio Anastasia (MG) para a função.
Uma destas vagas no comando da comissão ficará com o PMDB, maior partido do Senado, com 18 integrantes. PT e PSDB contam com 11 senadores em exercício.
Uma possibilidade com a qual os tucanos contam é a distribuição de vagas ser feita não por legenda, mas pelos blocos partidários. Neste caso, a oposição teria vantagem: o bloco oposicionista cota com 16 senadores; já o bloco de apoio ao governo tem 14 integrantes. Como não há previsão regimental, o presidente Renan terá de arbitrar uma solução.
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