• Por acordo, Anastasia (MG) deve ser o indicado, e ao PMDB caberia a presidência da comissão
Cristiane Jungblut, Maria Lima - O Globo
-BRASÍLIA- Nas negociações entre os partidos que defendem o impeachment, a relatoria da comissão especial do Senado que analisará o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff — caso seja aprovado na Câmara neste domingo — pode ficar nas mãos do senador tucano Antônio Anastasia (MG). Esta alternativa está sendo analisada pelas cúpulas do PMDB e do PSDB, depois que o líder peemedebista no Senado, Eunício de Oliveira (CE), foi sondado pelo vice-presidente Michel Temer para ser relator na comissão, mas afirmou não querer a função.
Com a resistência de Eunício, o PMDB pode ceder a relatoria para o tucano Anastasia, que foi governador de Minas Gerais e é braço direito do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Em troca, o PMDB presidiria a comissão. Segundo interlocutores, Eunício Oliveira avalia que, como candidato a suceder o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), a relatoria do processo de impeachment o desgastaria. Maior partido do Senado, o PMDB será responsável por indicar o presidente ou o relator. A segunda escolha ficará com PSDB ou PT, ambos com 11 senadores. Mas, como Dilma é do PT, isso inviabilizaria o partido no comando da comissão.
Renan se reúne com petistas
Enquanto o senador Romero Jucá (RR), como presidente do PMDB e porta-voz de Temer no Congresso, opera pela aprovação do impeachment, Renan reuniu anteontem senadores do PT em sua residência oficial para avaliar o quadro político — participaram o líder do governo no Senado, Humberto Costa, Lindbergh Farias (PT-RJ) e o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA). O encontro contou ainda com os ministros do PMDB Eduardo Braga (Minas e Energia) e Hélder Barbalho (Secretaria dos Portos).
Renan disse aos senadores do PT e do PCdoB que não vai “atropelar” prazos no processo de impeachment, mas afirmou que também não fará nada que “contamine o andamento”. O grupo mapeou ainda a Câmara e chegaram ao placar de 180 votos pró-Dilma. Renan se mostrou “incomodado” com o fato de ter que conduzir um processo contra Dilma e de sofrer pressões para antecipação do rito, em especial de Jucá.
— Renan quer cumprir os prazos, até para manter a espada sobre a cabeça de Temer — disse um petista.
— O calendário de 10 de maio para votar o afastamento é um balizamento, um prazo máximo. A decisão do Senado tem que ser feita rapidamente, porque haverá um hiato. Haverá uma presidente que, na verdade, já foi afastada na Câmara e haverá falta de legitimidade. É preciso entender a urgência e fazer isso no prazo mínimo — rebateu Jucá.
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