Por Andrea Jubé e Lucas Marchesini – Valor Econômico
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reservaram a manhã de hoje para gravar pronunciamentos dirigidos aos parlamentares e os brasileiros. Em vídeo a ser divulgado nas redes sociais, Lula dirá que vai inaugurar um "novo estilo de governo" ao lado de Dilma se o impeachment for arquivado no domingo e pedirá um voto de confiança aos deputados. Dentro do pacto que proporá ao país, Dilma cogita apoiar a convocação de eleições gerais em outubro.
Auxiliares presidenciais confirmaram ao Valor que, se Dilma sair vitoriosa da votação neste domingo, estuda declarar apoio à realização de eleições presidenciais em outubro, coincidentes com as eleições municipais, se for necessário para pacificar o país. Ela prepara uma fala de pouco mais de cinco minutos a ser veiculada em cadeia nacional de rádio e televisão hoje ou amanhã, além de um artigo que será publicado na imprensa no domingo.
Lula assumiu o papel de "fiador" do novo governo em caso de vitória de Dilma no plenário da Câmara. Por isso, tem pedido que os deputados dispostos a barrarem o impeachment confiem nele. Nas articulações que se intensificaram nos últimos dias, Lula e os ministros do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, ouviram que Dilma há muito perdeu a credibilidade e os parlamentares não acreditam nas promessas do governo.
Lula também deve procurar o bispo Edir Macedo, fundador do PRB e líder da Igreja Universal, numa última tentativa de trazer a sigla de volta para o governo. Há três semanas, o PRB deixou a base aliada e devolveu os cargos que mantinha no governo. Lula tem uma relação próxima de Macedo, já que o então vice-presidente de seu governo, José Alencar, morto em 2011, trocou o PR, sua sigla de origem, pelo PRB.
Dilma está inconformada com traições que a surpreenderam, como por exemplo a atuação pelo impeachment do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, e do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), que considerava seus fiéis aliados.
Ontem o clima no Planalto era de algum otimismo, com a dissidência aberta na noite de quarta-feira no PP, quando o governo conquistou o voto de pelo menos oito deputados do grupo do ex-líder da bancada Eduardo da Fonte, de Pernambuco.
Auxiliares de Dilma avaliaram que com essa movimentação, o jogo estava "equilibrado". Ainda assim, havia apreensão porque a Executiva Nacional do PP fechou questão a favor do impeachment, compôs com o grupo do vice-presidente Michel Temer e avisou que enquadraria fortemente os deputados rebeldes.
Já os três governadores do PT no Nordeste - do Piauí, Wellington Dias, do Ceará, Camilo Santana, e da Bahia, Rui Costa - desembarcaram ontem em Brasília para reforçar a interlocução com as bancadas estaduais. Ontem à noite, estava previsto um jantar na casa de um deputado da Bahia com o governador Rui Costa e os ministros Jaques Wagner e Berzoini.
Num esforço de demonstrar força política, Dilma recebeu ontem, no Palácio da Alvorada, deputados que votaram contra o seu afastamento na comissão especial, além de dissidentes dispostos a apoiá-la vindos do PP, PSD e PTB, cujas cúpulas fecharam questão a favor do impeachment. Participaram, ainda, deputados do PT, PCdoB, PR e PTN.
Na saída do encontro, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou estar seguro de que o processo contra Dilma será enterrado no domingo. "Essa é a convicção da presidente e a nossa. Estamos virando muitos votos, mas é claro que não vamos divulgar ou sentar na cadeira, como alguns fizeram antes do tempo. Apesar de todas as manobras, estamos seguros da vitória", afirmou.
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