• No Ceará, ex-presidente disse que ocupará cargo se STF permitir e que país vive ‘clima de ódio’
- O Globo
FORTALEZA e BRASILIA - A militantes, em Fortaleza, o ex-presidente Lula afirmou ontem que assumirá o comando da Casa Civil na próxima quinta-feira, se o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) reverter decisão que o impediu de ir para o ministério.
— Quinta-feira, se tudo der certo, se a Suprema Corte aprovar, eu estarei assumindo o ministério — disse.
Indicado para comandar um dos ministérios mais importantes do governo, Lula chegou a tomar posse, mas não pôde assumir o cargo por causa de uma liminar (decisão provisória) do ministro Gilmar Mendes, do STF.
Em 18 de março, Gilmar Mendes suspendeu a posse. A decisão tem validade até que o plenário do tribunal julgue o processo de forma definitiva. Apesar de Lula ter citado a próxima quinta, ainda não está marcado o julgamento do caso. A análise não deve ocorrer esta semana, porque não há previsão desse processo na pauta divulgada pelo tribunal.
Segundo Gilmar, a presidente Dilma Rousseff cometeu “desvio de finalidade” e “fraude à Constituição” ao nomear Lula. Para o ministro, o propósito foi conferir foro especial ao ex-presidente e, com isso, atrasar as investigações contra ele. Como ministro, Lula deixaria de ser investigado e julgado na primeira instância pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. O plenário poderá manter essa decisão ou derrubá-la no julgamento de mérito.
No discurso, Lula afirmou também que o país vive um “clima de ódio’’ nunca visto antes e disse que ‘‘defender o impeachment” da presidente Dilma Rousseff é agir “como golpista”.
— Eu estou estranhando um pouco o que está acontecendo no nosso país. Eu completei 70 anos de idade. Vivo neste país fazendo política e nunca vi um clima de ódio estabelecido no país como está estabelecido agora. Aqueles que amam a democracia, aqueles que gostam de fazer política (...) querem que se respeite a coisa mais elementar, que é o respeito ao voto popular que elegeu a Dilma — disse.
O evento em Fortaleza teve apresentações de artistas locais antes dos discursos. A organização estimou em 65 mil o número de participantes. Segundo a Polícia Militar, foram de dez a 12 mil.
Semana passada, a maioria do Supremo confirmou a decisão do ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato na Corte, de retirar do juiz federal Sérgio Moro as investigações sobre o ex-presidente. A decisão foi tomada após a divulgação de gravações envolvendo Lula e a presidente Dilma.
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