• Vice-presidente tem que compor novo governo até maio, diz aliado
Lauro Neto, Mariana Sanches - O Globo
SÃO PAULO- O vice-presidente Michel Temer já trabalha na escolha de nomes para um novo governo e deverá decidir até o próximo mês a composição de sua eventual equipe. Segundo o ex-ministro Moreira Franco, que se encontrou com o peemedebista ontem em São Paulo, Temer tem obrigação de montar um governo “até maio”.
— É obrigação dele (um novo governo até maio). As regras são essas e assim que tem que ser — disse Moreira, sem revelar nomes da equipe econômica que comporia um possível novo governo e enfatizando que os três principais problemas do Brasil são “a economia, a economia e a economia".
Além de Moreira Franco, Temer se reuniu com aliados e empresários afinados com o PMDB. A ideia, nesses encontros e nos próximos que fará, é que o vice-presidente defina a "cara" do seu eventual governo com dois eixos principais: acenos ao mercado e à área social. A missão mais imediata é definir o perfil de sua equipe econômica. A ideia é ter alguém na Fazenda que tenha capacidade de vender o Brasil lá fora, impulsionar a economia e criar um ambiente de segurança, favorável ao investimento.
— As conversas com gente do mercado são para ver o que esperam de nós, para termos claro o que fazer e, em seguida, saber com quem fazer. Os partidos vão ter que procurar nomes dentro de cada perfil, moldar as escolhas dos ministros de acordo com as demandas do governo. Tem que acelerar essas conversas. Michel vai ter que falar com diversas dessas pessoas, Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga, rapidamente — afirma um próximo interlocutor de Temer.
Esta semana, Temer dará continuidade a reuniões com diferentes setores empresariais para sentir o “pulso” do PIB brasileiro. Ele teria tido um encontro reservado com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também do PMDB. O vice-presidente também dispensará atenção ao PSDB, que deseja ter ao seu lado caso venha a ser presidente. Ele também deverá incluir propostas tucanas de governo em sua plataforma.
Encontro com ex-ministros
Temer chegou a São Paulo no início da tarde para o encontro com Moreira Franco (PMDB-RJ) e também com Thomas Traumann, ex-porta-voz de Dilma Rousseff. Os dois são ex-ministros da petista, respectivamente da Aviação Civil e da secretaria de Comunicação Social.
Na chegada ao escritório, Moreira Franco disse como o vice-presidente reagiu à aceitação da abertura processo de impeachment contra Dilma, aprovada pela Câmara dos Deputados no domingo.
— Claro que (Temer reagiu) com senso da grande responsabilidade, porque, a cada vez que esse processo vai tomando corpo, pesa sobre ele. Temer tem a noção exata do tamanho do desafio que a presidência da República impõe àquele que a exerce — disse Moreira.
— Acho que o Brasil inteiro está desesperado em busca de uma alternativa. Temer pensa, e eu tenho pensando nisso o tempo todo. Por isso que produzimos o “Pontes Para o Futuro”, porque temos que tirar o Brasil da crise rápido. O problema maior da sociedade brasileira é a economia. O segundo maior é a economia. O terceiro é a economia. É absolutamente intolerável que tenhamos 284 brasileiros perdendo o emprego por hora.
Na avaliação de Moreira, a votação de domingo foi muito expressiva e “geradora de esperança”, tirando o caráter de “golpe”. Ontem, Temer se mostrou “enfurecido” com a pecha de conspirador e golpista que, segundo ele, o PT e a presidente Dilma tentam atrelar à sua imagem. Segundo interlocutores, Temer pretende lançar uma contra ofensiva de marketing em que questionará se também são golpistas os eleitores que foram às ruas pedir a saída de Dilma, ou se também são golpistas os 367 deputados que votaram pelo afastamento da presidente.
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