Por Victoria Mantoan e Bruno Peres - Valor Econômico
SÃO PAULO e BRASÍLIA - O vice-presidente Michel Temer chegou ontem em São Paulo, onde deve permanecer pelos próximos dias. A exemplo do que aconteceu em Brasília, onde recebeu deputados na residência oficial para cumprimentos e saudações, Temer teve encontros com correligionários na capital paulista.
No fim da tarde, dois ex-ministro de Dilma Rousseff, o da Aviação Civil Moreira Franco e o da Secretaria de Comunicação Social da Presidência Thomas Traumann, foram ao escritório do vice. A assessoria de imprensa do vice-presidente confirmou que havia outros participantes no encontro, mas não divulgou nomes.
Questionado sobre a reação de Temer à votação de domingo no Congresso sobre o impeachment da presidente, Moreira Franco disse que o vice-presidente tem noção do tamanho do desafio que a Presidência da República impõe àquele que a exerce. Afirmou ainda que é obrigação de Temer formar um governo até maio, quando questionado sobre o prazo curto. Pelas regras para o processo do impeachment em discussão no Senado, a presidente Dilma Rousseff deve ser afastada do cargo no dia 11 de maio.
"Nós temos que tirar o Brasil da crise rápido, muito rápido", disse Moreira. Segundo Moreira, " o maior problema do país é a economia".
Ainda em Brasília, Temer, segundo aliados, evitou "aglomerações" para não sugerir comemoração ostensiva e procurou adotar um discurso de serenidade e responsabilidade, "sem precipitação", externando a avaliação de que o avanço do pedido de impeachment de Dilma no Congresso é um "pontapé inicial" de uma difícil travessia para o país que envolve simultaneamente um processo para "recolocar o país nos trilhos" e recompor a governabilidade no Congresso.
O vice-presidente já deu sinais a seus apoiadores políticos, entretanto, de que os partidos que formaram uma aliança em torno do encaminhamento do pedido de impeachment da presidente serão contemplados com espaços ou ao menos manterão as atuais posições em um eventual governo seu.
A alguns de seus articuladores políticos, Temer disse inclusive que pode debater propostas para o país, indo pessoalmente aos plenários do Congresso em um gesto político de busca da governabilidade em amplo diálogo.
Os partidos que defendem o afastamento de Dilma do cargo veem em uma gestão Temer a chance de colocar em prática algumas propostas defendidas na campanha eleitoral. Temer foi aconselhado a sugerir que os partidos com que conversa apresentem propostas a serem acrescidas ao seu eventual plano de governo.
A bancada do PSB na Câmara, por exemplo, prepara para até o fim deste mês um conjunto de sugestões para uma agenda positiva para o país. O PSDB também debate um conjunto de propostas a ser apresentado, provavelmente na próxima semana, como sugestões para um governo de transição.
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