Em caso de plano B, solução política deve contemplar PMDB
Simone Iglesias | O Globo
-BRASÍLIA- Depois da recusa do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso em assumir o Ministério da Justiça, o presidente Michel Temer segue determinado a encontrar um perfil como o do jurista mineiro para a pasta. Em conversas com aliados no fim de semana, o peemedebista deixou claro que sua preferência ainda é por um nome do meio jurídico e que tenha passado por tribunais superiores.
No entanto, se as sondagens não prosperarem, o presidente deverá partir para o plano B, uma solução política que contemple a bancada do PMDB na Câmara. Há dois deputados trabalhando internamente pela indicação: Osmar Serraglio (PR) e Sérgio Souza (PR), o primeiro, com mais força na avaliação de auxiliares presidenciais.
Serraglio é apontado no Palácio do Planalto como uma opção porque resolveria um contencioso entre Temer e a bancada, que reclama da falta de espaço em sua gestão. O deputado paranaense foi professor de direito administrativo e é mestre em direito do estado, o que atenderia ao perfil técnico com formação jurídica. O parlamentar tem se movimentado, pedindo apoio aos colegas do partido. Temer gostaria de ter um nome na manga para nomear logo após a aprovação da indicação do ministro licenciado da Justiça Alexandre de Moraes para o Supremo, o que deverá ocorrer entre terça e quarta-feira desta semana. Por isso, passou o fim de semana debruçado sobre o assunto, em Brasília, e deverá ter conversas na manhã de hoje, em São Paulo.
A solução caseira, de dar aos deputados do PMDB a indicação do ministério, quase deu certo. Antes de pensar em Velloso como uma alternativa, Temer por pouco não escolheu o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para o cargo. Pressionado pelos peemedebistas, cedeu, mas diante da divulgação de opiniões críticas de Pacheco à atuação do Ministério Público, Temer acabou desistindo.
— O presidente está muito inclinado a escolher alguém com o perfil de Velloso e vai tentar ainda nesta semana encontrar uma solução. Agora, o Ministério da Justiça já esteve com a bancada da Câmara e nada impede que volte a ser esta a opção — disse um auxiliar presidencial.
Paradoxalmente ao fato de pertencer ao meio jurídico, Temer tem encontrado dificuldade para preencher a vaga de ministro da Justiça. Em maio do ano passado, quando assumiu interinamente a Presidência em meio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff, o peemedebista enfrentou algumas respostas negativas antes de chegar à indicação de Alexandre de Moraes.
Além de definir o novo ministro, Temer tem mais um problema a resolver no Congresso: a liderança do governo na Câmara. O peemedebista vem sendo pressionado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) a demitir do cargo André Moura (PSC-SE). A intenção do Planalto era de mudar o líder no começo do mês, mas suspendeu a troca depois que Maia defendeu publicamente a demissão. O presidente achou o gesto “indelicado”.
Apesar da saia justa imposta a Temer, uma possibilidade estudada pelo governo é remanejar André Moura para a liderança da maioria na Câmara. O cargo está previsto no regimento da Casa, mas não existe hoje. Com esta solução, a liderança do governo na Câmara iria para as mãos de um peemedebista. O nome mais provável, segundo uma fonte do Palácio do Planalto é o do deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES).
A opção por um deputado do PMDB, segundo um peemedebista da cúpula, é para evitar que Temer aceite uma negociação feita por Rodrigo Maia durante sua campanha à reeleição como presidente da Câmara. Chegou aos ouvidos de Temer que o democrata teria acertado com o PP que a liderança iria para um deputado do partido, no caso, Aguinaldo Ribeiro (PB). O Planalto não gostou nada de saber que o presidente de outro poder estava indicando nomes para cargos que cabem ao Presidente da República.
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