O presidente Temer sondou o ex-ministro do Supremo Carlos Velloso, de 81 anos, para assumir o Ministério da Justiça. Após o encontro, Velloso, que tem o apoio do PSDB, foi reticente, mas mostrou interesse.
Ex-ministro do STF é sondado para Justiça
Temer recebe Carlos Velloso e conversa sobre a pasta
Maria Lima, Eduardo Barretto e Carolina Brígido | O Globo
-BRASÍLIA- O presidente Michel Temer recebeu ontem o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso e o sondou para o comando do Ministério da Justiça. E, a partir da declaração do porta-voz presidencial, Alexandre Parola, no fim da tarde, Velloso, de 81 anos, tornou-se imediatamente favorito para o posto. Sem que fosse indagado, o porta-voz iniciou seu briefing citando a conversa entre os dois e destacando que Temer pretende continuar dialogando com Velloso nos próximos dias.
— O presidente da República recebeu em audiência o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal doutor Carlos Velloso. O presidente seguirá conversando com o antigo amigo e ex-ministro nos próximos dias — disse Parola.
É a primeira vez que, direta ou indiretamente, Temer cita encontro com eventuais cotados para a vaga de Alexandre de Moraes, indicado semana passada para o Supremo Tribunal Federal. O ex-ministro do STF esteve com Temer em audiência reservada de mais de uma hora. A reunião na agenda oficial do presidente era com o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), que levou Velloso — o ex-ministro é mineiro e ligado aos tucanos. Segundo um assessor de Temer, Velloso e o presidente tiveram por um momento uma conversa a sós.
No encontro, as questões mais urgentes do Ministério da Justiça e o funcionamento da pasta foram os principais assuntos. Temer não chegou a formalizar o convite a Velloso. Mas a sondagem foi explícita. Perguntado pelo GLOBO se aceitaria o convite, Velloso foi reticente. Disse que precisaria checar as ações que assumiu no escritório de advocacia, para ver a possibilidade de delegar as causas a outros profissionais, mas mostrou-se interessado.
A conversa ocorreu após o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que era o nome apoiado pela bancada peemedebista na Câmara, perder força na disputa pelo posto. A possibilidade de indicação do deputado reduziu após a imprensa revelar suas críticas ao poder de investigação do Ministério Público e às delações premiadas. Desde o fim de semana, a avaliação do governo para o novo nome do Ministério da Justiça vem sendo de que ele seja do meio jurídico, com bom trânsito no Supremo e, principalmente, sem críticas à Lava-Jato.
Segundo interlocutores do Planalto, a reunião com Velloso pode apressar a escolha de Temer para a vaga.
— Não há espaço para esperar até a semana que vem para indicar o ministro da Justiça — disse uma fonte ligada a Temer. (Colaboraram Eduardo Barretto e Simone Iglesias)
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