Por André Guilherme Vieira | Valor Econômico
SÃO PAULO - O empresário Marcelo Odebrecht afirmou ontem, em interrogatório ao juiz Sergio Moro, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o “amigo” que aparece nas planilhas de pagamentos de propinas da Odebrecht, conforme apurou o Valor.
Em depoimento prestado na Justiça Federal de Curitiba, Odebrecht também confirmou que “italiano” é o codinome usado para identificar o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, e que “pós-itália” é a alcunha que foi destinada a Guido Mantega — que sucedeu Palocci na Fazenda.
Marcelo falou sobre R$ 4 milhões que teriam sido repassados ao Instituto Lula, citou os R$ 50 milhões supostamente destinados a Mantega para abastecer a campanha de Dilma Rousseff, em 2014, além de R$ 13 milhões que o ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, teria recebido e repassado a Lula.
Foi a primeira vez em que Marcelo Odebrecht foi ouvido como testemunha em uma ação penal da Lava-Jato desde que firmou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), juntamente com outros 77 executivos do grupo. Já homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as delações contabilizam 950 supostos fatos criminosos e ensejaram 320 pedidos de providências pela PGR, entre os quais a abertura de 83 inquéritos para investigar parlamentares.
Na condição de delator, Marcelo Odebrecht abriu mão do direito de ficar em silêncio e respondeu a todas as perguntas feitas durante a audiência, que foi colocada em sigilo pelo juiz; parte das informações prestadas pelo empresário constam de sua delação premiada, que continua em segredo no STF.
O empresário detalhou o pagamento de supostas propinas a Palocci, a quem descreveu como o principal interlocutor da empresa no governo Lula. Ele falou por mais de duas horas e meia.
O interrogatório ocorreu na ação penal em que Palocci é acusado de atuar no governo em favor de interesses da Odebrecht.
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