Por Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA - As divergências internas em relação à permanência do PSDB na base de apoio ao governo do presidente Michel Temer não deve acarretar uma debandada dos insatisfeitos com a decisão, que pode mudar a qualquer momento. O fato de a legenda ter deixado a "porta aberta" para um desembarque posterior, inclusive a curto prazo, teria tranquilizado os ânimos dos parlamentares.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), afirmou que, ainda que o partido tenha decidido permanecer na base, a legenda monitorará diuturnamente as ações do governo. Em sua avaliação, isso é determinante para que mesmo os deputados dissidentes continuem no PSDB.
"Não chegou aos meus ouvidos que houvesse algum deputado interessado em abandonar a sigla. Há divergências, mas nem por isso o partido está dividido. Se um fato novo chegar e criar instabilidade para o país, o PSDB vai reavaliar essa questão", disse Tripoli. Esta semana, personalidades como o ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Junior, e o empresário Ricardo Semler deixaram a sigla, em protesto contra a decisão da Executiva, mas nenhum detentor de mandato eletivo se desfiliou.
Dois dos principais expoentes dos parlamentares do PSDB pró-desembarque do governo, os deputados Eduardo Barbosa (PSDB-MG) e Daniel Coelho (PSDB-PE) negaram deixar o partido. "Migrar para onde? Para qual partido? Nós preferimos reformular as nossas propostas e manter nossa posição favorável ao desembarque até que sejamos maioria", garantiu Barbosa. Coelho reforçou que não deixará o partido e defendeu que os parlamentares tucanos que resistem a apoiar Temer possam ser independentes.
O que teria acalmado os ânimos dos parlamentares dissidentes seria a possibilidade de votar pela admissibilidade de uma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer.
O fechamento de questão a favor de Temer está descartado. "Quando há divergência, a liberação da bancada no PSDB é comum", afirmou o líder do PSDB na Câmara.
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