Governador paulista nega que continuidade do apoio do PSDB a Temer seja moeda de troca por aliança no próximo ano
ENTREVISTA: Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo
Adriana Ferraz, O Estado de S.Paulo
A decisão do PSDB de permanecer na base do presidente Michel Temer passa pela costura de uma aliança com o PMDB para 2018?
A decisão do partido de continuar até o final das reformas apoiando o governo e suas medidas, acompanhando a cada semana o desenrolar dos fatos, não tem nada a ver com 2018.
Uma aliança com o PMDB não seria bem-vinda ou não está sendo cogitada agora?
Não é que não seria bem-vinda, é que não é esse o foco. Não é pensando em 2018 que o PSDB tomou a posição de continuar. Fez isso porque entendeu que, neste momento, sair do governo prejudicaria ainda mais o Brasil, que está começando a se recuperar, com indicadores positivos do PIB e do emprego e com a reforma trabalhista aprovada pela Câmara dos Deputados. Então, neste momento seria muito prejudicial ao Brasil e nós temos de proteger o Brasil.
Não tem nenhum interesse partidário de aliança então?
Até o contrário disso. Se fosse para pensar em eleição, esse é o argumento de muita gente (referindo-se aos cabeças pretas) para sair, porque a popularidade está muito ruim. Mas temos de agir com espírito público e ele nos orienta a esperar para terminar a reforma trabalhista, concluí-la até a sanção presidencial. A reforma previdenciária é mais difícil porque é emenda constitucional, mas vamos ajudá-la porque é importante para o País, e a reforma política, que tem de ser feita até setembro, um ano antes da eleição do ano que vem.
Esse é um novo prazo de permanência no governo? O fim de todas as reformas?
Não é que é um novo prazo. Nós temos de permanentemente estar acompanhando o desenrolar dos fatos e nosso compromisso é com a retomada do crescimento e do emprego e renda. Para isso, há necessidade de se fazer reformas. Precisamos valorizar a reforma trabalhista, que é histórica. Com ela vamos sair de um modelo autárquico, de cima para baixo, para um modelo moderno, de relações contratuais. Ela vai aumentar o emprego no Brasil e diminuir a informalidade. É importantíssima para estimular o emprego.
Ao menos um fato novo pode surgir já na semana que vem, caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente realmente uma denúncia contra o presidente Temer. Neste caso, qual deve ser a postura do PSDB na Câmara? O partido vai rachado para a votação no plenário?
Vamos aguardar, não vamos nos precipitar. Não houve nem sequer a denúncia ainda. O importante é destacar que a decisão do partido (em continuar apoiando o governo) foi tomada pensando no interesse político. Se fosse para pensar em 2018, aí sim a solução seria sair imediatamente. O que eu acho que temos de fazer agora, em primeiro lugar, é uma nova convenção e uma nova executiva. E já quero antecipar que o Tasso (Jereissati, presidente interino do PSDB) é meu candidato.
Mas pode-se fazer isso sem uma renúncia do Aécio?
O estatuto do PSDB permite uma eleição e uma reeleição. Já tinha acontecido isso. O que houve foi uma prorrogação do mandato e pode-se interromper essa prorrogação.
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