- Folha de S. Paulo
O presidente "reformista" ficou para trás, ao menos agora, e por culpa do próprio Michel Temer, que recebeu um empresário para uma conversa espúria no Palácio do Jaburu no dia 7 de março.
Exato um mês depois, em uma sexta-feira e sem saber do encontro com Joesley Batista, perguntei a Temer, em entrevista que ele deu à Folha em seu gabinete, se poderia mencionar um erro de gestão. "Eu acho que não cometi nenhum erro. Cometi acertos derivados de muita coragem", respondeu, corajosamente.
Virada a página constrangedora e vergonhosa do TSE, Temer começa a semana tentando conter a debandada de tucanos e em busca de uma ofensiva para barrar na Câmara a denúncia que será feita contra ele pelo procurador-geral, Rodrigo Janot.
As prioridades de um governo mudam em uma crise política profunda. Os interesses do país geralmente são relegados a um plano inferior.
Por exemplo, a principal aposta de Temer para tirar o país da UTI econômica era a reforma da Previdência. A bomba da delação da JBS estourou em um momento importante de negociação da proposta, quando o Planalto fazia contas na base e planejava votá-la em primeiro turno na Câmara até o início do mês de junho.
O governo sairá no lucro se conseguir apreciar o texto no segundo semestre. No máximo, tem chances de concluir a reforma trabalhista no Senado –o que terá sido um grande feito diante do atual cenário político.
Temer manterá o discurso de que seu foco continua sendo a administração, embora trabalhe com uma só prioridade a partir de agora. Para tanto, mais do que nunca precisa do Congresso. Hoje, o peemedebista tem os 172 votos necessários para evitar que o STF abra um processo. Mas e daqui a duas, três semanas?
De certo modo, enfrentará o desafio que Dilma Rousseff encarou sem sucesso: impedir a desidratação do apoio de um baixo clero inconfiável, venal e que tradicionalmente abandona um barco à beira do naufrágio.
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