Partido pretende ir às ruas se Sergio Moro der sentença contra o ex-presidente
Sérgio Roxo, O Globo
-SÃO PAULO- O PT já prepara uma ofensiva para responder a uma eventual condenação do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá. Dirigentes do partido afirmam que militantes vão se mobilizar da mesma forma que ocorreu na condução coercitiva do petista, em março do ano passado. Na ocasião, simpatizantes foram ao aeroporto de Congonhas, onde ocorria o depoimento, para protestar.
Antes da divulgação da sentença, a estratégia tem sido adotar o discurso de que não há provas no processo para embasar uma condenação. Todas as fases do processo já foram concluídas e falta apenas a sentença do juiz.
— Esperamos que o Sergio Moro seja efetivamente juiz e julgue conforme as provas dos autos e não com convicção, com base simplesmente em delação. Se vier a condená-lo, vamos fazer todo o debate com protestos e repúdio — disse o presidente do PT de São Paulo, Luiz Marinho, após se reunir ontem com Lula e parlamentares da legenda.
Na semana passada, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que também participou da reunião de ontem com o ex-presidente, disse, por meio de nota, que a militância da legenda está mobilizada para “dar a resposta adequada para qualquer sentença que não seja absolvição completa e irrestrita”.
Marinho, um dos principais amigos de Lula, acredita que a mobilização dos militantes para apoiar o ex-presidente em caso de condenação não exigirá muito esforço.
—Imagino que seja um processo automático e espontâneo como foi na condução coercitiva do presidente Lula.
Uma ordem dentro do PT é evitar a todo custo falar sobre o risco de Lula ter uma eventual condenação confirmada pela segunda instância, o que o enquadraria na Lei da Ficha Lima e o impediria de concorrer na eleição presidencial do ano que vem.
SUPLICY: HADDAD SURGE COMO ALTERNATIVA
Na reunião de ontem, que tinha como tema principal a organização do partido em São Paulo para a disputal eleitoral de 2018, apenas um dos presentes ousou tocar no assunto: o vereador Eduardo Suplicy. O ex-senador disse que se Lula não puder concorrer, o PT deve lançar o exprefeito de São Paulo Fernando Haddad, que também estava presente. A menção de Suplicy não foi levada a sério pelos demais presentes.
— Estamos convictos de que chegaremos no processo eleitoral com Lula candidato — disse Luiz Marinho.
Em caso de condenação no caso do tríplex, outra estratégia a ser adotada pelos petistas será o de propagar que a Justiça é mais rigorosa com réus ligados ao partido. Para tentar dar sustentação a essa tese, serão destacados as decisões de ministros do STF, na semana passada, que beneficiaram o suplente de deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
— Estamos vendendo um Judiciário seletivo, um Judiciário que trata uns duramente e outros de maneira muito sóbria, como aconteceu agora com o Rocha Loures e o Aécio — afirmou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
A decisão da semana passada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região de anular a sentença do extesoureiro João Vaccari Neto, condenado anteriormente por Moro a 15 anos e quatro meses de prisão, foi vista como um sinal de que o juiz do Paraná deve agir como mais cautela o julgar o ex-presidente. Em seu discurso aos petistas, Lula celebrou a decisão do TRF-4.
Os dirigentes do PT decidiram também que o partido passará a vincular Temer ao governador Geraldo Alckmin e ao prefeito João Doria, os dois tucanos cotados para disputar a Presidência. Lula sustentou que o foco principal dos ataques deve ser Alckmin, já que Doria ainda vive a lua de mel com o eleitor por estar em início de mandato.
Lula e o empreiteiro Marcelo Odebrecht prestam depoimento hoje, à Justiça de Brasília, em ação penal que investiga irregularidades no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa. Lula será ouvido como testemunha chamada por Eduardo Cunha, enquanto Odebrecht fala como testemunha do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador de Cunha.
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