Catia Seabra, Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou, nesta segunda-feira (3), da timidez do PT de São Paulo na oposição ao governo do tucano Geraldo Alckmin e na defesa do partido.
Reunido com as bancadas do partido em São Paulo, Lula afirmou que os petistas têm aliviado a administração Alckmin e gastado muita energia nas críticas à gestão do prefeito João Doria, também do PSDB.
Segundo participantes da reunião, Lula ponderou que, nos primeiros seis meses de mandato, os governantes são bem avaliados. Após fazer uma enquete com os prefeitos presentes ao encontro, o o ex-presidente disse que Doria é um exemplo dos administradores que gozam de grande popularidade no início da gestão.
Mas que Alckmin tem sido poupado. Por isso, seu governo deve ser dissecado.
Na reunião, Lula debitou o resultado negativo do partido nas eleições de 2016 na conta dos petistas que se deixaram intimidar no ano passado e não foram às ruas em defesa da sigla. Ele repetiu que não se deve ter vergonha de defender o partido.
"Na dúvida e no aperto, a rua é o melhor caminho", disse o ex-presidente, segundo participantes.
Lula fez um histórico da trajetória do partido no Estado desde 1982. Lembrou que o PT conta com 30% dos votos em São Paulo e disse que é preciso romper essa barreira para se chegar ao Palácio dos Bandeirantes.
Ele recomendou que os petistas ocupem as rádios do interior de São Paulo, assim como ele, que dá duas entrevistas por semana para emissoras do interior do Brasil.
Ainda segundo petistas, Lula disse que o partido deve investir nas classes menos favorecidas, hoje, na sua opinião, saudosas de seu governo. De acordo com participantes, Lula afirmou que, para o brasileiro, o importante é ter três refeições à mesa por dia e o PT trabalha por isso.
Anfitrião da reunião, o presidente estadual do PT, Luiz Marinho, afirmou que o partido adotará ações coordenadas de oposição a Alckmin. Segundo ele, o partido deverá definir seu candidato ao governo até o fim deste ano.
Marinho disse ainda que os petistas deverão ir às ruas caso Lula venha a ser condenado. Ao comentar recentes decisões da Justiça, afirmou que é "cada vez mais escandalosa" a adoção de dois pesos no tratamento aos réus da Lava Jato. Segundo ele, a caneta pesa diferentemente, como teria acontecido no caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em comparação ao ritmo do processo do ex-senador Delcídio do Amaral (MS).
'Pela Constituição, não caberia talvez nem sequer o afastamento do Eduardo Cunha", afirmou.
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