Por Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico
BELO HORIZONTE - Na busca de um candidato a presidente em 2018 que faça sem reservas a defesa do governo de Michel Temer (PMDB), um nome deveria começar a ser considerado: o do presidente da Petrobras, Pedro Parente.
A ideia tem sido defendida por Roberto Brant, veterano da política e interlocutor frequente de Moreira Franco, um dos ministros mais próximos a Temer.
Ex-deputado federal por Minas Gerais pelo antigo PFL e ministro no governo Fernando Henrique Cardoso, Brant, de 75 anos, foi também um dos responsáveis por dar forma ao documento Ponte para o Futuro, lançado pelo PMDB antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e que serviu como um programa do que viria a ser o governo Temer.
"Se a sociedade quiser algo novo, parecido com o Macron, na França, poderia ser o Pedro Parente", disse ele ao Valor.
O nome foi apresentado por Brant a um grupo de executivos de empresas numa reunião ocorrida em Belo Horizonte na tarde de quarta-feira. "Ele não é político, mas sabe lidar com políticos" disse, acrescentando que nem sabe se Parente teria algum interesse pessoal numa empreitada eleitoral em 2018.
Brant contou que já havia falado sobre essa conjectura a três ou quatro pessoas do mundo da política e que todas elas pararam para refletir. Para ele, a gestão de Parente à frente da Petrobras (cujos resultados e imagem junto ao mercado melhoraram sensivelmente nos últimos meses) seria um cartão de visitas para atrair a atenção de uma fatia do eleitorado mais identificada com bandeiras ligadas à gestão, eficiência e transparência. E, acima de tudo, ele seria um candidato apto a defender todas as medidas e políticas adotadas pelo governo.
"O governo Temer entende que faz uma gestão heroica e apoiará um candidato que defenda seu legado", diz Brant.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), poderia ser esse candidato não fosse o fato de os tucanos se dividirem entre apoiadores e críticos do governo, diz Brant.
Segundo ele, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD-GO); o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung seriam opções mais fáceis para o Planalto.
Isso sem contar em uma eventual candidatura do próprio Temer. "Não acho que uma candidatura de Temer seja uma ideia totalmente descartada", disse.
Pesquisa Datafolha divulgada no início do mês mostrou que 71% dos brasileiros rejeitam o presidente.
"Eles [aliados próximos a Temer] acham que quanto mais o tempo passar mais melhorará a imagem do governo", disse Brant, citando a queda da inflação, dos juros, do desemprego.
No encontro com executivos, organizado por uma consultoria financeira, a TSX Advisors, Brant disse que seu candidato preferencial é Alckmin, mas que se sua candidatura não decolar, é preciso ter uma alternativa. "Não podemos ter só uma carta nas mãos."
Brant diz duvidar da capacidade de Jair Bolsonaro (PSC) - segundo nas pesquisas de intenção de voto - tornar-se de fato um candidato viável. Não tanto por causa de suas ideias conservadoras, mas por estar num partido nanico que, consequentemente, terá recursos escassos de campanha. O mesmo acontecerá com Marina Silva (Rede), prevê.
Em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder em todas as pesquisas, Brant diz que a alta rejeição do petista será um obstáculo para sua eleição, mas que sua vitória e suas promessas de reverter medidas de Temer tornariam o país "inviável". Mesmo assim, afirma que Lula deveria poder disputar a eleição ainda que venha a ser condenado em segunda instância no processo que envolve o apartamento no Guarujá que teria sido dado a ele pela construtora OAS.
"Não acho que meia dúzia de pessoas [referência a magistrados que vão julgar Lula em segunda instância] tenha o direito de decidir quem a população deve ou não escolher."
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