- O Globo
Incitação à violência e à polarização
- José Alvaro Moisés, professor titular de Ciência Política da USP
O PT tem o direito de apresentar recursos às decisões de Sergio Moro e do TRF-4. O que o PT não pode fazer é previamente afirmar que a decisão da Justiça só será correta e legítima se coincidir com as posições do partido. É uma forma antidemocrática de tratar a questão, além de atribuir aos atores da Justiça um papel político. As declarações da senadora Gleisi Hoffmann a colocam num cenário de líder autoritária, que incita a violência, estimula o debate polarizado, reforça a perspectiva de intolerância a quem pensa diferente e, principalmente, coloca em questão a legitimidade do Judiciário.
Perseguição tem grande apelo eleitoral
- Marco Antônio Teixeira, cientis político da FGV
O endurecimento do PT está dentro do jogo quando o seu líder está ameaçado. Não se esperava que o PT fosse ter um discurso menos rígido quando não apenas a reputação da legenda está em risco, mas também a candidatura de Lula. O discurso que o PT adota de perseguição ao ex-presidente tem grande apelo eleitoral. A temperatura sobe com o enfrentamento direto ao Judiciário, mas não vejo como ameaça à democracia. Na época do depoimento de Lula em Curitiba também se temia radicalização, o que acabou não ocorrendo. O que observo é uma disputa de narrativas e de pontos de vista.
Linguagem usada é desafio ao judiciário
David Fleischer, cientista político e professor da UnB
O que a Justiça decide está decidido. Com as recentes declarações da senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido, o PT está tentando ferir a democracia ensaiando um desafio à Justiça. É claro que a democracia permite a divergência de opinião e que qualquer cidadão do país se expresse livremente. Mas, no caso da senadora Gleisi Hoffmann, a linguagem usada é um desafio ao Judiciário. Se suas declarações forem levadas às últimas consequências, temos um sério risco à democracia.
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