- Folha de S. Paulo
A dias de ter seu destino selado pela Justiça, o ex-presidente Lula vai jogar sua última cartada para a galera, recrudescendo o grau de ira de seu discurso. É verdade que não falta mais ninguém para ofender —o próprio juiz Sergio Moro já foi chamado por ele de parcial, ilegítimo, mentiroso, czar e até de surdo. E sua ladainha contra a "burguesia loura e de olhos azuis" teve de ser posta de lado quando se percebeu que seu advogado é louro e de olhos azuis —tal como, aliás, a falecida dona Marisa.
Será o confronto final entre seu discurso triunfalista de que, por falta de documentos, nunca poderão provar que ele era dono de sítios e triplexes, e a constatação óbvia de que ninguém passa recibo por malfeitos. O outro argumento, dirigido aos desinformados do exterior, de que não lhe dão direito de defesa, não pode ser usado aqui diante das dezenas de recursos dirigidos por sua defesa à Justiça e da repetida convocação de testemunhas para ilibá-lo —segundo José Simão, nem Jeová teve tantas testemunhas quanto Lula.
Será interessante também assistir, nos próximos dias, à campanha da ex-presidente Dilma Rousseff pregando que os inquéritos visam apenas impedir que Lula volte à Presidência. Supondo que seja verdade, nada disso estaria acontecendo se, ao fim de seu mandato em 2014, ela tivesse aberto mão de sua candidatura à reeleição e devolvido a vaga a Lula —como ficara combinado que aconteceria quando ele a inventou como candidata em 2010.
Donald Trump, presidente dos EUA, chamou há pouco o Haiti e os países africanos de "países de merda". Lula não precisou ir tão longe —chamou o próprio Brasil de país de merda. "Este país não nasceu para ser a merda que é", ele disse em Feira de Santana, na Bahia, no dia 20 de agosto do ano passado.
Quem sabe, sabe.
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