Tobias Buck | Financial Times / Valor Econômico
BONN - Após impasse político de quatro meses, a Alemanha conseguiu avançar para formar novo governo depois de os social-democratas terem votado a favor das negociações para formar uma "grande coalizão" e viabilizar o quarto mandato da premiê alemã, Angela Merkel.
Em resultado mais apertado do que membros do Partido Social Democrata (SPD, de centro-esquerda) previram, 362 dos 642 delegados votaram por seguir com as negociações com o bloco conservador de Merkel. O resultado alivia não apenas o partido de Merkel, União Democrata Cristã (CDU), mas também líderes europeus, como o presidente francês, Emmanuel Macron, que precisa de um governo aliado em Berlim para avançar na revisão da União Europeia (UE).
Um acordo de coalizão mais detalhado ainda terá de ser votado pelos 450 mil membros do SPD. O líder da legenda, Martin Schulz, pediu aos membros do partido para apoiar a formação do governo, que poderia marcar "um novo amanhecer para a Europa". Observou, porém, que será necessário criar um "Fundo Monetário Europeu que pratique a solidariedade e não a austeridade".
Merkel obtém apoio para formar 'grande coalizão'
Após impasse político de quatro meses, a Alemanha conseguiu avançar para formar novo governo depois de os social-democratas terem votado ontem a favor das negociações para uma "grande coalizão" e viabilizar o quarto mandato da premiê alemã, Angela Merkel.
Em um resultado mais apertado do que membros do Partido Social Democrata (SPD, de centro-esquerda) previam, 362 dos 642 delegados votaram por seguir adiante com as negociações com o bloco conservador de Merkel.
Em congresso ontem na cidade de Bonn, o líder da legenda, Martin Schulz, pediu aos membros do partido para apoiar as negociações para a formação de um novo governo, que poderia marcar "uma mudança política histórica e um novo amanhecer para a Europa". "A Europa está esperando por uma Alemanha que assuma responsabilidade pela Europa e que atue de maneira decisiva", disse Schulz. "Sem o SPD, isso não será possível."
O resultado traz alívio não apenas para o partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU, de centro-direita), mas também entre os líderes europeus, como o presidente francês, Emmanuel Macron, que precisa de um governo aliado em Berlim para avançar em uma ampla revisão da União Europeia (UE), incluindo um aprofundamento da zona do euro. Figuras importantes do SPD apoiam a agenda de maior integração econômica de Macron.
A decisão do SPD de tentar formar uma "grande coalizão" com a CDU ocorre depois de meses de incerteza após eleições gerais inconclusivas em setembro e da tentativa frustrada de Merkel de formar governo com os liberais do Partido Democrata Livre (FDP) e os Verdes.
Mas a votação apertada que resultou nos 56% a favor das negociações com Merkel, depois de horas de intenso debate, evidenciou o grande racha dentro do partido sobre seguir ou não com Merkel.
Um acordo de coalizão mais detalhado ainda terá de ser submetido a uma votação dos 450 mil membros do SPD - o último obstáculo para a formação de uma nova coalizão entre a centro-direita e a centro-esquerda alemãs.
Muitos membros do SPD atribuem uma série de derrotas do partido dentro do último governo a Merkel e temem que uma nova coalizão prejudique os social-democratas ainda mais.
Se um acordo de coalizão não for respaldado, aumentam as chances de a Alemanha ter de realizar novas eleições e crescem as dúvidas sobre o futuro político de Merkel.
As negociações serão feitas com base em um acordo preliminar alcançado no início do mês entre os líderes do SPD, da CDU e a União Social-Cristã (CSU), parceiro conservador da Bavária. A CDU/CSU e o SDP são os dois principais blocos políticos da Alemanha.
Schulz destacou a necessidade de criar um "Fundo Monetário Europeu que pratique a solidariedade e não a austeridade" e prometeu que Berlim assumirá um papel muito mais ativo no debate sobre uma integração europeia mais profunda.
Apesar de inicialmente ter se oposto a uma nova coalizão com Merkel, Schulz disse que o acordo alcançado até agora ofereceria benefícios para os eleitores do SPD, incluindo mais recursos para serviços como escolas e infraestrutura. Mas ele também se juntou a outros membros do partido para alertar Merkel de que a próxima rodada de negociações teria de levar a novas melhorias. Ele mencionou reformas no sistema de saúde e políticas mais generosas para refugiados, como incentivos para encorajar a criação de postos de trabalho permanentes no lugar de contratos temporários.
"Batalharemos por melhorias futuras nas negociações para formar nova coalizão. As negociação sobre a formação de um novo governo e suas condições sequer começaram", disse ontem.
Não está claro se a CDU/ CSU estão dispostas a fazer mais concessões. Líderes democrata-cristãos advertiram o SPD nos últimos dias que estão prontos para rever partes do acordo alcançado em conversações preliminares.
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