-Blog do Noblat/ Veja
O rei morreu? Viva o rei!
Às vésperas do julgamento de Lula em Porto Alegre, cada lado diz o contrário do que pensa, deseja ou imagina que vai acontecer. Dirigentes do PT, por exemplo, dizem que ele será inocentado porque outro caminho não existe a prevalecerem o espírito da lei e a ausência de provas do crime que lhe foi imputado.
Estrelas de outros partidos da esquerda, só para ficarem bem na foto, dizem que a eventual condenação de Lula subtrairia a legitimidade das próximas eleições. A mesma toada é repetida por ex-adversários do PT encrencados com a Justiça, mas que sonham com seu apoio para tentar se reeleger.
Por fim, adversários de Lula que continuam adversários afirmam que o melhor seria que ele disputasse a eleição presidencial para ser derrotado. Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) já disseram isso. Mais cuidadoso, o presidente Michel Temer não falou que gostaria de ver Lula derrotado, mas disputando, sim.
Tudo falso!
Os principais dirigentes do PT estão convencidos de que Lula será condenado – só não querem nem podem admitir. Torcem para que o placar seja de pelo menos 2 x 1. Porque se um juiz votar pela absolvição de Lula, haverá esperança de que ele possa ser candidato. A Justiça é lenta. As eleições, logo ali.
A ser verdade que a condenação de Lula tornaria as eleições menos legítimas, os que pensam dessa maneira não deveriam disputá-las. A fazê-lo, serão cúmplices da desonestidade. Mas qual partido aliado do PT está disposto a tamanho sacrifício? Nenhum. Nem o PT está. O rei morreu? Viva o rei! Vida que segue.
Pergunte a Renan Calheiros (PMDB-AL), Eunício Oliveira (PMDB-CE) e outros mais que defendem Lula, se eles irão para casa em sinal de protesto caso aquele que passaram a amar tão recentemente virar um ficha suja? Qual o quê! Lamentarão a ausência de Lula em suas campanhas e redobrarão o esforço atrás de votos.
Por fim, os adversários de Lula que seguem adversários celebrarão às escondidas sua condenação, e com um suspiro de alívio. Não preferem derrotá-lo nas urnas. Para não correrem o risco de perder, preferem que os tribunais façam o serviço por eles. É o que tudo indica que vai acontecer.
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