Eleição que vai definir candidatos será antes do prazo para saída dos cargos
Thais Bilenky, Daniel Camargos | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO E SÃO CAETANO DO SUL - Em vitória do prefeito João Doria, o PSDB paulista decidiu que as prévias para escolha do candidato tucano ao governo de São Paulo ocorrerão em março.
Com o calendário estabelecido em reunião na segunda-feira (19), Doria não precisará deixar a administração municipal antes da definição da candidatura, como queriam forçar que ocorresse os outros pré-candidatos.
José Aníbal, Luiz Felipe d'Avila e Floriano Pesaro tentaram articular o adiamento da eleição interna para final de abril ou maio, mas foram voto vencido.
Por 16 a 8, o diretório estabeleceu que o primeiro turno será em 18 de março, e o eventual segundo turno, no dia 25. O prazo de desincompatibilização é 7 de abril.
A votação não estava prevista na pauta da reunião, e irritou os pré-candidatos, sobretudo Aníbal. A articulação foi liderada pelo vice-prefeito Bruno Covas, que tem controle de boa parte do diretório paulista.
Ele assumirá a prefeitura se Doria se desincompatibilizar.
Presidenciável, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que na sexta (16)
havia dito que as prévias "provavelmente ocorrerão" em março, não se empenhou ao ponto de impedir que aliados seus votassem contra o calendário pró-Doria. Dos mais leais dos alckmistas, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, porém, votou a favor.
Na véspera da votação, no domingo (18), Alckmin se encontrou tanto com Doria quanto com d'Avila e Aníbal.
"Geraldo nos disse que o melhor seria que as prévias ocorressem mais para frente, ou seja, abril, para que houvesse mais tempo de debate", afirmou d'Avila.
Em comum, Alckmin e Doria prefeririam não ser submetidos a prévias, mas ambos enfrentam obstáculos. O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, no plano nacional, e Aníbal e d'Avila no estadual, dizem que não recuarão da intenção de concorrer.
Em São Paulo, até 5 de março, o PSDB terá um comitê para definir as regras das prévias. D'Avila defende que se estenda o voto a todos os filiados. No grupo de Doria, fala-se em votação por aplicativo.
As inscrições serão encerradas no fim do mês.
Nesta terça-feira (20), Alckmin negou que tenha articulado o calendário com Doria (PSDB).
AVANÇO
Doria tem a articulação eleitoral avançada. Recebeu apoio público de vereadores do PSDB nesta terça-feira (20). Tem aliança com dezenas de prefeitos e deputados. Fechou com o PSD de Gilberto Kassab a vice na chapa.
Conduz conversas com o DEM, cujo pré-candidato a governador, Rodrigo Garcia, ouviu uma oferta de vaga para concorrer ao Senado na coligação, além do compromisso empenho e dinheiro para a campanha.
De um lado, tucanos admitem que Doria é o nome mais competitivo e que mais pode ajudar Alckmin em casa na sua provável candidatura presidencial.
De outro, argumenta-se que o prefeito carregará um triplo ônus na campanha.
O primeiro decorreria da decisão de abandonar a prefeitura antes de metade do mandato. O segundo, da pecha de traidor que adquiriu por ter se movimentado para se viabilizar candidato a presidente, a despeito da pretensão de Alckmin.
Por fim, considera-se que a ala tucana anti-Doria dará trabalho na campanha.
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