- Blog do Noblat
A procura por uma saída honrosa
Existem o fato e o fato consumado. Dizem os políticos de antanho que esse último só pode ser revogado por um fato novo.
À reeleição de Dilma, seguiu-se o desmanche de sua base de apoio político e social para que governasse. Era fato.
Sua queda deu lugar à ascensão de Temer destinado a deixar mais tarde o poder como alguém que o usurpara. Era fato consumado.
Então o que estava escrito nas estrelas, e lido em todas as línguas conhecidas, foi atropelado pelo fato novo da intervenção no Rio.
Até que o fato novo, consumado nas últimas 48 horas com o aval do Congresso, seja ou não revogado por outro fato novo, poderá se passar um dia, ou poderão se passar muitos.
O provável, por ora apenas provável, é que passem muitos dias, talvez o bastante para que Temer chegue ao fim do mandato em melhores condições do que estava.
Dava-se como fato consumado até o dia 7 de março último que Temer conseguiria aprovar a reforma da Previdência Social e deixar o governo como o presidente que tirou o país da recessão econômica.
Na noite daquele dia, no porão do Palácio do Jaburu, Temer recebeu em audiência clandestina o empresário Joesley Batista e o aconselhou a manter uma coisa que só os dois sabem exatamente do que se tratava.
Àquela altura, foi o fato novo que ninguém esperava. De tão poderoso e espetacular, aumentou o déficit público, engessou a situação da Previdência Social e enterrou a imagem do presidente reformista.
Nem o morador mais desinformado das margens de um igarapé remoto da Amazônia imagina que a lei e a ordem no Rio possam ser restabelecidas em questões de meses ou de poucos anos.
Mas é justamente com isso que conta Temer. Está ao seu favor o entendimento geral e irrestrito de que a luta contra o crime organizado exigirá muito tempo e esforço.
Temer ambiciona apenas que um dia lhe deem o crédito de ter sido o primeiro presidente a inaugurá-la para valer. Ficaria de bom tamanho para ele. Rapaz modesto!
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