Não se irá longe se a luta política impedir o compromisso de todos com um ensino melhor
O campo da educação, por tratar de conhecimento, aprendizado, ideias, é espaço aberto a debates políticos e ideológicos. Trata-se de uma característica intrínseca ao meio. E a questão para professores, diretores de estabelecimentos de ensino e gestores em geral é saber como manejar num universo que tende a estar em ebulição intelectual, e fazer com que dos choques de pensamento se produzam melhorias na qualidade do ensino.
Mas não é simples assim. Por isso, no Brasil, apesar da constante discussão sobre educação, mesmo até com um razoável consenso entre governos tucanos e petistas, os avanços no ensino médio, por exemplo, são sofríveis.
À margem de choques político partidários na redemocratização, a partir da Constituição de 1988, sob Fernando Henrique Cardoso e Lula, houve avanços na busca pela universalização da matrícula no fundamental e na apuração da qualidade do ensino básico como um todo.
Com FH, avançou-se na universalização, começaram-se a criar mecanismos de avaliação cruciais para o monitoramento das políticas, o que se seguiu também com Lula, com exceção do primeiro mandato, em que a prioridade para o ensino superior foi um equívoco. Além do mais, a reforma fiscal feita pelos dois partidos, para criar fundos de financiamento do ensino fundamental e do básico como um todo (Fundef e Fundeb), foi um passo essencial. Entre os exames, o Enem, por exemplo, além de testar a evolução do ensino médio, é um passaporte para a universidade. Os testes permitem diagnósticos sobre para onde vamos, aonde queremos ir e se estamos indo bem. O projeto estratégico é de, em 2020, o ensino básico ter a avaliação média atual dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde se congregam as nações desenvolvidas. A avaliação é feita pelo teste internacional Pisa, de que estudantes brasileiros também participam.
E o resultado até agora é preocupante. Estabeleceram-se objetivos por períodos. E eles não têm sido atingidos à medida que se avança no fundamental e chegase ao ensino médio. Neste, a crise é grave. Apesar do proselitismo que cresce nesta época pré-eleitoral, as vitórias e derrotas são compartilhadas por PSDB e PT.
Mas aprovou-se no Congresso uma reforma do ensino médio na direção correta, para que o estudante, ao sair do fundamental, já escolha uma área de interesse, incluindo o ensino profissionalizante. Espera-se reduzir as altas taxas de evasão. Além do mais, está em construção um currículo nacional, a fim de que haja um mínimo de equivalência entre o que é ensinado em todo o país, sem engessar professores e negar características regionais.
O debate político-ideológico, pela natureza da atividade educacional, jamais cessará. Pede-se é que haja um compromisso de todos com o que interessa: acabar com a baixa qualidade da educação.
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