- Folha de S. Paulo
Planalto havia planejado começar abril com reforma ministerial para alavancar reeleição
Se o governo de Michel Temer fosse uma série da Netflix, entraria hoje na quarta temporada, com último capítulo (ainda) distante, prováveis cenas de suspense e um certo grau de imprevisibilidade.
A primeira fase, entre maio de 2016 e maio de 17, foi "filé" para o presidente: base aliada coesa no Congresso, economia saindo do buraco e a esperada reforma da Previdência na bica para ser aprovada.
Veio a paulada da delação da JBS e, com isso, a segunda temporada, em que Temer saiu do cenário de quase renúncia para a derrubada de duas denúncias da PGR na Câmara.
A terceira etapa de governo priorizou, desde novembro, a reconstrução do núcleo de apoio parlamentar. A votação da mudança na aposentadoria fracassou e rapidamente o Planalto forjou uma nova agenda política, a da segurança pública, tirando da cartola o lance da intervenção no Rio. O capítulo final foi a verbalização do ousado desejo de Temer de tentar a reeleição na urna.
O plano até então era iniciar a quarta temporada com um pontapé eleitoral em abril, focando na reforma ministerial para angariar apoio de partidos a uma possível candidatura de Temer ou do ministro e neoemedebista Henrique Meirelles.
Havia quem apostasse (e seriamente acreditasse), poucos dias atrás, na real possibilidade de a dobradinha Temer-Meirelles vingar como chapa na eleição de outubro.
A prisão dos amigos do presidente no feriadão de Páscoa estragou o roteiro. O emedebista começa o mês nas cordas, abalado pela decisão do ministro Luís Roberto Barroso (STF) que prendeu por três dias José Yunes, o coronel João Baptista Lima Filho e nomes do setor portuário.
Por mais que a decisão de Barroso mereça questionamentos, em razão da ausência de novos elementos que justifiquem tal medida extrema, fato é que a sombra do Porto de Santos persegue o presidente há duas décadas. E assim continuará de agora até o fim do mandato.
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