Trocas no primeiro escalão devem atingir 14 das 29 pastas até 7 de abril
Karla Gamba, Martha Beck e Vinicius Sassine | O Globo
-BRASÍLIA- O presidente Michel Temer discutiu com seus principais aliados no governo, em reunião ontem no Palácio do Jaburu, uma troca de ministros que vai significar mudanças em metade da Esplanada. Ao todo, segundo integrantes e líderes do governo, as movimentações envolvem 14 dos 29 ministérios existentes. Os titulares — alguns já são ex-titulares — que vão disputar as eleições têm até 7 de abril para deixar os cargos, conforme a lei eleitoral. Eles saem de um governo altamente impopular, dias após os amigos mais íntimos do presidente foram presos temporariamente por suposta participação em esquema de favorecimento a empresas do setor portuário, investigado pela Operação Skala.
Apesar da crise, a reunião tratou principalmente de reforma ministerial. Além de bater o martelo sobre os principais nomes de sua equipe econômica — com Eduardo Guardia no Ministério da Fazenda, Esteves Colnago no Planejamento e Dyogo Oliveira na presidência do BNDES, o presidente discutiu mudanças nas áreas de Minas e Energia, Desenvolvimento Social, Educação e Ciência, Tecnologia e Comunicações, entre outras pastas. Segundo participantes do encontro, foi aventado o nome de deputado Carlos Melles (DEM-MG) para suceder Mendonça Filho (DEM) na Educação. O atual ministro deixará o cargo esta semana para concorrer nas eleições.
Esse também é o caso de Fernando Coelho Filho, que deixará a pasta de Minas e Energia para ser candidato. Uma possibilidade é que o secretário-executivo, Paulo Pedrosa, assuma o ministério, mas ainda não há definição. O governo tem especial preocupação com essa área porque quer tentar concluir o processo de privatização da Eletrobras — que é cercado de resistências políticas — ainda este ano.
O clima da reunião, segundo ministros que participaram, era de “distensão”, após a decisão do STF de soltar os investigados na Skala, entre eles o advogado José Yunes e o coronel da PM João Baptista Lima Filho. Ambos saíram ontem da cadeia.
— Não tratamos de terceira denúncia, até porque o presidente está tranquilo. Sabe que não há nenhum tipo de veracidade nas questões que estão sendo colocadas, portanto está preocupado em governar e é isso que nós estamos fazendo — afirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado.
Questionado sobre o humor do presidente, o deputado Darcídio Perondi (PMDB-RS), vicelíder do governo na Câmara, disse que estava “alegre”:
— É óbvio que ele ficou alegre. Eram os amigos que tinham sido presos e a procuradora soltou. O clima estava bem distensionado em relação à quinta-feira (dia das prisões), é óbvio. Quinta havia indignação, hoje o grupo estava mais tranquilo.
Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso determinou que os três integrantes da família Torrealba, do grupo Libra, que tiveram mandados de prisão temporárias expedidos contra eles na Operação Skala e ainda estão fora do País se apresentem à Polícia Federal ao desembarcarem no Brasil para prestarem depoimento.
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