Por Marcelo Ribeiro, Raphael Di Cunto e Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico
BRASÍLIA E RIO - A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar réu o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na semana passada pode encurtar o caminho da possível aliança entre os pré-candidatos Geraldo Alckmin, do PSDB, e Rodrigo Maia, do DEM, na corrida presidencial. A parceria na disputa nacional será, segundo fontes consultadas pelo Valor, um desdobramento de uma eventual dobradinha entre tucanos e democratas em Minas Gerais. A decisão, está nas mãos do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), pré-candidato do PSDB ao governo mineiro.
Aécio deve decidir se será ou não candidato a algum cargo este ano e levar em conta o quanto pode prejudicar as demais campanhas tucanas se tentar um novo mandato, de acordo com o presidente do PSDB mineiro, o deputado federal Domingos Sávio.
"Vamos respeitar a decisão que ele vier a tomar, mas o que todos entendem é que não se pode esperar indefinidamente por essa decisão", disse ele ao Valor.
"Se a gente passar a campanha de Alckmin e de Anastasia discutindo se Aécio cometeu ou não crime, vamos perder o foco", disse o deputado mineiro.
Além do processo do qual virou réu esta semana, que envolve a transferência às escondidas, dentro de malas, de R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista para Aécio, o tucano também foi alvejado na sexta por três novas acusações. Uma é a que Batista teria dado, entre 2015 e 2017, uma mesada de R$ 50 mil ao senador de forma disfarçada como pagamento de propaganda na rádio que transmite a Jovem Pan em Belo Horizonte. A rádio é de sua família.
Outra é que ele teria tentado interferir na indicação de delegados da Polícia Federal de modo a enfraquecer a Lava-Jato. Por fim, o jornal "O Globo" divulgou que ele teria sido beneficiário de repasses milionários feitos por Joesley Batista para financiamento ilegal de campanha. Em depoimento à Polícia Federal na quinta-feira, Joesley afirmou ter repassado R$ 110 milhões a Aécio durante as eleições de 2014. O senador nega que tenha cometido ilegalidades em todos os casos.
Em conversas reservadas, Anastasia teria afirmado que acredita que pode ter seu desempenho nas urnas afetado pelo fator Aécio.
Anastasia deve avaliar pesquisas de intenção de voto e as possibilidades de outros nomes da oposição ao atual governo desbancarem o governador de Minas, Fernando Pimentel, do PT.
Caso desista, Anastasia pretende apoiar Pacheco. O correligionário de Maia tem ampliado os esforços para consolidar as suas chances para assumir o comando do Palácio da Liberdade. O alvo das últimas investidas foi o Solidariedade, que conta com a pré-candidatura de Dinis Pinheiro. A aproximação ganhou força, principalmente, pela boa relação entre Maia e Aldo Rebelo, que se apresentaram na corrida pela presidência da República por DEM e Solidariedade, respectivamente.
Nos bastidores, tucanos querem usar o eventual apoio a Pacheco como uma moeda de troca para garantir que o DEM apoie a pré-candidatura de Alckmin.
Oficialmente, os correligionários de Alckmin negam que a desistência de Anastasia esteja no radar e alimentam a percepção de que o tucano é o nome que reúne mais chances de derrotar Pimentel nas urnas. O lançamento oficial da pré-candidatura de Anastasia será em 14 de maio.
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