O GLOBO perguntou aos líderes das pesquisas — Jair Bolsonaro, Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin — sobre temas como redução da maioridade, desarmamento, intervenção no Rio e fronteiras. Lula não foi incluído por estar inelegível, pelos critérios da Lei da Ficha Limpa.
Segurança no centro do debate
Presidenciáveis defendem mais inteligência e divergem sobre redução da maioridade penal
Jeferson Ribeiro | O Globo
A violência é um problema visível para todos em um país no qual mais de 61 mil pessoas foram assassinadas em 2016, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O tema ganhou relevância ainda maior depois que o Executivo federal retirou das mãos do governo do Rio de Janeiro a gestão do setor, assumindo o controle com a ajuda das Forças Armadas. O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes, após uma perseguição pelas ruas do Rio de Janeiro — crime ainda não desvendado — aumentou o foco sobre a questão, que hoje aflige os brasileiros tanto quanto a saúde e a corrupção.
Nesse cenário, o debate sobre segurança pública está no centro da arena eleitoral, e o GLOBO enviou por e-mail aos quatro pré-candidatos à Presidência mais bem colocados na última pesquisa Datafolha as mesmas perguntas sobre financiamento das ações de segurança, intervenção federal no Rio, patrulhamento da fronteira, redução da maioridade penal para 16 anos, flexibilização da posse e do porte de armas de fogo e o impacto do assassinato de Marielle Franco. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi considerado para a sondagem, já que ele está inelegível, pela condenação em segunda instância, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
Entre os ouvidos, apenas o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) acredita que uma das soluções para melhorar a segurança dos brasileiros é ampliar a posse e o porte de armas de fogo. A ex-senadora Marina Silva (Rede), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), consideraram que essa medida aumentaria o número de homicídios.
Quase todos os pré-candidatos são críticos à intervenção federal na segurança pública do Rio, e consideram que a decisão do presidente Michel Temer teve motivação política e careceu de planejamento e recursos financeiros para ter sucesso. Alckmin, o único a não explicitar contrariedade à medida, disse, porém, que a ação — “um remédio amargo” — não pode ser “banalizada”. Bolsonaro afirmou que votou a favor do decreto na Câmara porque “era melhor do que nada”. O parlamentar, porém, disse que se fosse bem planejada a intervenção poderia ocorrer em todo o país, porque a insegurança está generalizada.
A morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista foi apontada como uma afronta ao Estado e uma evidência da fragilidade da intervenção federal no Rio por Marina e Ciro. Já Alckmin considerou o crime “bárbaro”, com necessidade de apuração e punição céleres. Bolsonaro, que ainda não havia se manifestado sobre o crime, disse que foi “mais uma morte no Rio de Janeiro” e que é preciso aguardar a investigação.
A maioria dos pré-candidatos concordou na necessidade de aprimorar sistemas de inteligência para vigiar fronteiras e combater o crime organizado. E todos foram unânimes em desburocratizar e garantir verbas do orçamento para a segurança pública.
Veja abaixo como cada um dos quatro pré-candidatos se posicionou sobre o tema que debaterão em campanha.
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