Por Murillo Camarotto e Marcelo Ribeiro | Valor Econômico
BRASÍLIA - O governo não faz previsões sobre quando a greve dos caminhoneiros irá acabar. O ministro da Defesa, general Joaquim Luna e Silva, disse ontem que "seria irresponsabilidade dar um prazo. O que posso dizer é que o decreto prevendo a GLO (Garantia da Lei da Ordem) só vai até o dia 4 de junho". O ministério e a Polícia Federal informam que o total de pontos de concentração de manifestantes - não só caminhoneiros - em rodovias federais aumentou ontem para 594.
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, cerca de 30% dos caminhoneiros ainda estão mobilizados. Ele defendeu o fim da greve e denunciou ameaças a caminhoneiros por militantes políticos e adeptos de uma intervenção militar.
"Quem quer derrubar o governo não vai usar o nome dos caminhoneiros", disse Lopes. Para ele, há condições para que a mobilização termine hoje, desde que cessem as ações para impedir que os caminhoneiros retomem as atividades. "O pessoal quer voltar a trabalhar, mas tem medo". Ele disse que a desmobilização está sendo dificultada no entorno das montadoras do ABC Paulista e das distribuidoras de combustíveis da BR, Shell e Ipiranga na Zona Sul de São Paulo.
Abcam e Planalto apuram infiltração de militantes
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse ontem que a ação de militantes políticos está atrapalhando o fim da greve da categoria. De acordo com ele, pelo menos 30% dos caminhoneiros ainda estavam mobilizados, o que nas suas contas representava algo em torno de 250 mil veículos.
Autoproclamado principal representante dos caminhoneiros, Lopes disse que o acordo feito com o governo atende aos anseios da categoria, que deveria voltar ao trabalho. Afirmou, no entanto, que dirigentes partidários e defensores de uma intervenção militar estariam ameaçando os caminhoneiros que querem encerrar a greve.
"Quem quer derrubar o governo não vai usar o nome dos caminhoneiros", afirmou. Segundo Lopes, há condições para que a desmobilização seja concluída hoje, desde que cessem as ações para impedir que os caminhoneiros retomem as atividades. "O pessoal quer voltar a trabalhar, mas há medo", disse.
Lopes mencionou alguns locais onde a desmobilização está sendo dificultada, como no entorno das montadoras do ABC paulista e das distribuidoras de combustíveis BR, Shell e Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo. No porto de Santos, segundo ele, a situação já foi normalizada.
O presidente da Abcam afirmou que está ainda levantando os nomes dos militantes que estão ameaçando os caminhoneiros e que irá denunciar todos no momento certo. Ele preferiu não adiantar nomes, mas disse que alguns são presidentes de diretórios municipais de partidos.
Apesar de não relatarem ameaças, caminhoneiros autônomos confirmaram a presença maciça de intervencionistas nas estradas.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou ontem que os órgãos de inteligência do governo federal identificaram "muitas infiltrações" de pessoas que não são caminhoneiros no movimento. "Pessoas se infiltraram no movimento dos caminhoneiros, com finalidade política para tentar impedir que a mobilização seja levantada. Nosso serviço de inteligência está cuidando desse assunto", informou o ministro.
"A PRF (Polícia Rodoviária Federal) conhece as estradas onde trabalha, conhece quem é líder dos caminhoneiros e sabe quem se infiltra. Estão mapeando, mas não querem cometer injustiças. Vamos separar quem se infiltra nos caminhoneiros para que a categoria possa voltar a trabalhar. O abastecimento não pode correr risco", disse Padilha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário