Temer tenta reagir a cerco e diz que há infiltrados entre os caminhoneiros
Polícia Rodoviária irá retirar 'infiltrados políticos' de bloqueios rodoviários, afirma ministro
Gustavo Uribe, Talita Fernandes | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Municiado por informações de inteligência, o Palácio do Planalto decidiu explorar a existência de infiltrados no movimento dos caminhoneiros. Segundo o governo, a persistência da paralisação se deve à presença de grupos políticos interessados em desgastar Michel Temer.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, informou nesta segunda-feira (28) que a Polícia Rodoviária Federal irá retirar o que chamou de 'infiltrados políticos' de pontos de paralisação de caminhoneiros pelo país.
Segundo ele, o órgão policial tem feito um mapeamento das pessoas que participam dos bloqueios em rodovias e, "quando for o caso", irá separar os militantes políticos do restante dos caminhoneiros grevistas.
"A Polícia Rodoviária Federal conhece as estradas onde trabalha e sabe das infiltrações políticas que aconteceram. Ela está mapeando e não quer cometer nenhuma injustiça", disse. "Ela tem feito algumas ações de retirada de pessoas quando for o caso", acrescentou.
De acordo com o ministro, o serviço de inteligência do governo federal tem atuado também para a identificação de infiltrados políticos que, segundo ele, têm atuado para que a crise de desabastecimento não seja encerrada.
"Eles se infiltraram com objetivos de disputas políticas para fazer com que a paralisação não seja encerrada. O nosso serviço de inteligência está trabalhando nisso, para que a infiltração não seja preponderante para construir a possibilidade imediata da normalidade", disse.
Nos últimos dias, manifestantes pedindo uma intervenção militar no país se juntaram aos bloqueios de caminhoneiros autônomos.
Na mesma linha, o presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, afirmou à imprensa na sede da entidade que a paralisação não é mais dos caminhoneiros, mas de pessoas que querem derrubar o governo. Ele não citou nominalmente tais pessoas.
Fonseca estimou que ainda faltavam cerca de 250 mil caminhões deixarem a paralisação. "Não é o caminhoneiro mais que está fazendo greve. Tem um grupo muito forte de intervencionistas nisso aí. Eles estão prendendo caminhão em tudo que é lugar. [...] São pessoas que querem derrubar o governo. Eu não tenho nada que ver com essas pessoas, nem nosso caminhoneiro autônomo tem. Eles estão sendo usados por isso", disse.
O presidente da associação disse que os caminhoneiros "estão sendo ameaçados de forma violenta" a manter a paralisação por pessoas "que se dizem lideranças" e que estão envolvidas com partidos políticos.
A paralisação cria um caldo de cultura de tensão que faz proliferar a presença de grupos que não pertencem à categoria. Outras vezes, atrai e potencializa vozes de caminhoneiros que, embora representativos, ecoam apenas parcela dos interesses do grupo.
A linha de ação foi mapeada. Eles gritam e socam a mesa em vídeos compartilhados milhares de vezes, pregam a derrubada do presidente Temer e atacam a Rede Globo em um discurso estridente que é visto pelo Planalto como dos mais radicais na greve dos caminhoneiros.
Seus vídeos em redes sociais têm sido vistos por milhões de brasileiros desde o início dos protestos.
Eles se dizem líderes de um "movimento de fato", sem nome e CNPJ, e afirmam não aceitar nenhum dos acordos anunciados pela cúpula do governo. E querem continuar nas ruas.
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