Por Fernando Taquari e Ricardo Mendonça | Valor Econômico
SÃO PAULO - Em um aceno ao mercado financeiro, a pré-candidata do Rede à Presidência, a ex-senadora Marina Silva (Rede), voltou a assumir ontem o compromisso com o tripé econômico ao garantir que vai trabalhar, caso eleita, pela meta de inflação, o superávit primário e o câmbio flutuante. A mesma garantia tinha sido dada pela ex-senadora em 2014, quando disputou a eleição pelo PSB.
A exemplo do presidenciável do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, Marina criticou o teto de gastos, estabelecido pelo governo Michel Temer. Em sua opinião, há um risco em congelar por 20 anos o orçamento de áreas sensíveis da administração pública, como educação, saúde e segurança.
Para conter as despesas, o que considera uma medida essencial para o país recuperar credibilidade e capacidade de investimento, a ex-senadora entende que o Estado deve gastar com custeio apenas a metade do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
"Cresceu 4%, você pode gastar 2%. Assim nunca vai ter descompasso entre a arrecadação e o gasto", afirmou Marina durante sabatina promovida pelo portal UOL, pelo jornal "Folha de S. Paulo" e pelo SBT. Ainda sobre questões econômicas, disse que a redução dos juros deve ser buscada "pelos mecanismos do Banco Central", e que esse tipo de política não pode ser feita "de forma artificial".
Na sua avaliação, a redução determinada até aqui "já ajuda muito a [reduzir] dívida pública". Mais adiante, ela defendeu autonomia operacional do BC, mas disse que não acha necessário institucionalizar a medida. "O que precisa é ter o compromisso que não vai ter politicagem no Banco Central", afirmou.
A pré-candidata ainda questionou o governo federal por não ter se antecipado à crise provocada pela alta dos combustíveis. "As autoridades econômicas têm as informações bem antes que nós, conseguem ver as tendências de mercado", disse.
"Se por um lado você não pode ter uma atitude dogmática contra a lógica do mercado, você não pode ter uma prática dogmática em relação ao mercado. Ninguém altera a tarifa de luz todo dia por causa da variação do dólar. O preço do combustível tem que seguir certa lógica", frisou. Ela lembrou que um projeto do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) estabelece um teto para o valor do ICMS sobre os combustíveis.
Além disso, sugeriu que a Petrobras agiu sob pressão política ao reduzir o preço do diesel para 10% durante os próximos 15 dias. "Fazendo no olho do furacão, com a pressão política, a mensagem que passou externamente é que a Petrobras não se está se comportando de acordo com as regras do mercado. E aí vai uma desvalorização das ações na ordem de 11%", ponderou.
Sobre política, afirmou que é candidata para "provar que o ciclo da polarização [PT x PSDB] acabou". Ela buscou minimizar a estrutura precária do Rede e sua baixíssima representação no Congresso, fatores que poderiam colocar a governabilidade em risco. Depois de repetir que irá governar "com os melhores" e que há gente qualificada em diversas siglas, afirmou: "A Rede é pequena? É. Mas quem disse que os partidos grandes estão governando"?
Potencial beneficiária dos votos do ex-presidente Lula, preso e considerado um nome fora do páreo, Marina assegurou que não fará um "discurso oportunista" e nem adaptará suas propostas para conquistar os eleitores do petista. A ex-senadora até defendeu a prisão de Lula ao afirmar que quem "cometeu erro, tem que pagar".
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