Os presidenciáveis atacaram ontem as ações do governo na crise. As críticas, feitas antes do acordo com os caminhoneiros, trataram da gestão dos preços da Petrobras e da demora do Planalto em reagir à paralisação.
Presidenciáveis criticam atuação do governo na crise
Pré-candidatos atacam alta de preços e reação à greve dos caminhoneiros
Miguel Caballero, Dimitrius Dantas | O Globo
-SÃO PAULO E RIO- A maior crise enfrentada pelo governo Temer neste ano eleitoral virou alvo de críticas dos pré-candidatos a presidente. Seja pela má gestão de preços da Petrobras ou pela demora em reagir à paralisação, a atuação do Palácio do Planalto na busca de soluções para a greve dos caminhoneiros foi atacada pelos pretendentes a suceder Temer.
Com diferenças de tom, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) coincidiram no viés crítico. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato pelo MDB, partido de Temer, preferiu defender apenas a redução de impostos. Todos comentaram antes de o governo anunciar acordo cedendo às principais reivindicações dos grevistas.
Bolsonaro declarou apoiar as reclamações dos caminhoneiros, mas discordou do fechamento de estradas como forma de protesto.
— Os caminhoneiros sofrem com preço alto dos combustíveis, roubo de cargas, a indústria das multas, as condições das estradas... Eu concordo com quem para o caminhão em casa. Agora, fechar rodovia é extrapolar. Com isso, não dá para negociar — disse Bolsonaro, sem opinar sobre qual seria a solução para o preço do combustível. — Quem tem de dar a solução é o governo, não sou eu.
Já Marina Silva criticou a forma como a Petrobras reagiu ao movimento. Na quarta-feira, a empresa anunciou a redução de 10% no valor do diesel. Para a pré-candidata da Rede, foi um sinal de pressão política na gestão de preços, passando um sinal ruim ao mercado.
— Fazendo no olho do furacão, com a pressão política, a mensagem que passou externamente é que a Petrobras não está se comportando de acordo com as regras do mercado. E aí vai uma desvalorização das ações da Petrobras na ordem de 11% — opinou Marina, ao participar de sabatina feita pelo SBT, pelo portal Uol e pela “Folha de S.Paulo”.
Para ela, o governo Temer não soube reagir na crise.
— Não pode agir só quando as coisas estão praticamente fora de controle. Mas esse governo não tem condição de se antecipar a nada, porque vive o tempo todo na berlinda: na berlinda da falta de credibilidade, de falta de popularidade, e compromisso com a sociedade brasileira.
No Twitter, o pedetista Ciro Gomes considerou “uma aberração” a política de preços dos combustíveis praticadas pela Petrobras. “A alta dos combustíveis é uma aberração que praticamente nega a razão de ser da própria existência institucional da Petrobras. A política de preços adotada está equivocada e desrespeita a sua estrutura de custos. Toda a eficiência da Petrobras deve ser transferida para o interesse público brasileiro e é isso que nós vamos fazer”, escreveu.
Num tom mais ameno, mas ainda de crítica, o tucano Geraldo Alckmin avaliou que faltou diálogo do governo na condução da crise. Ele defendeu a manutenção de Pedro Parente como presidente da Petrobras, apesar do pedido de seu correligionário, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), para que Parente pedisse demissão da estatal.
— Diálogo. É o que disse hoje cedo o líder dos caminhoneiros: ele vem desde abril tentando o diálogo — comentou, ontem, em São Paulo.
Lançado esta semana como pré-candidato do MDB pelo presidente Temer, Meirelles não comentou o aspecto político da crise. Ele procurou focar o discurso na defesa da redução de impostos sobre combustíveis.
— Nós vamos ter que fazer a reforma tributária e aprovar as reformas de corte de despesa que permitam a diminuição da carga tributária sobre combustíveis. Agora, uma coisa é o deficit público elevado, despesa crescente de despesas, temos que diminuir as despesas e diminuir os impostos.
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