- O Estado de S.Paulo
Na convenção que o lançou ao governo de São Paulo, o ex-prefeito João Doria deu uma resposta que pode parecer atrevida, mas é simplesmente verdadeira, às críticas contra a aliança do também tucano Geraldo Alckmin com o Centrão: “Quem advoga contra alianças é quem não conseguiu fazer”.
Marina Silva (Rede) pode até não vestir a carapuça, já que ela enfrenta dificuldades com seu próprio partido e tem sido seletiva nas suas conversas com outras siglas, como o PDT de Ciro Gomes. Mas a provocação de Doria, em estilo machadiano, atinge em cheio o próprio Ciro.
Ao contrário de Marina, Ciro – que já foi PDS, PMDB, PSDB, PSB e PPS antes de se filiar ao PDT para disputar a Presidência em 2018 – se empenhou publica e ostensivamente por alianças à esquerda e à direita. Até agora, a duas semanas do fim do registro de candidaturas na Justiça Eleitoral, sem êxito.
Errático, Ciro acenava para o PT enquanto, daqui e dali, dava estocadas no ex-presidente Lula. Quando o PT tirou o corpo fora, ele se virou para o lado oposto, o DEM, parceiro do PSDB desde 1994. E, quando o DEM se rendeu à gritante ausência de convergências, o que fez Ciro? Tentou voltar-se novamente para o PT e as esquerdas.
Hoje, Marina Silva e Ciro Gomes conversam, mas sem perspectiva de aliança, enquanto o PDT ainda sonha com algum acordo com o PSB, replicando a nível nacional a aliança em São Paulo a favor da continuação de Márcio França (PSB) no Palácio dos Bandeirantes.
Mas, se Marina e Ciro não conseguiram fazer alianças, o PSB não consegue nem mesmo decidir que caminho seguir. Pode ir para o PDT, pode ir para o PT, pode ter dissidentes para todo lado e pode, simplesmente, tomar uma decisão temerária: liberar geral, cada um votando como bem entenda. Isso, convenhamos, não é próprio de partidos, mas de ajuntamentos de futuro incerto.
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