Por Daniela Chiaretti | Valor Econômico
SÃO PAULO - O atentado contra o candidato à Presidência pelo PSL Jair Bolsonaro deve trazer a disputa eleitoral para o centro do espectro político. Dentro da campanha da candidata Marina Silva, da Rede, há duas percepções: a primeira é que Bolsonaro já está no segundo turno. A segunda é que, desde a facada que levou o ex-capitão do Exército a ser internado, é uma nova eleição.
“Zerou o jogo”, diz um observador.
O entendimento é que a disputa se acirra pela segunda vaga, no segundo turno – entre Marina, o candidato do PDT, Ciro Gomes, e o candidato do PT, que deve ser Fernando Haddad.
Trata-se de um instantâneo deste momento, antes que se entenda qual a estratégia que será adotada pelo Partido dos Trabalhadores. A expectativa é que na terça-feira, em ato em Curitiba onde está preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deva se consagrar Haddad como candidato à Presidência do PT.
Dentro da campanha do Rede, calcula-se que os eleitores indecisos não migrarão para os extremos e que a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), que vinha mirando Bolsonaro, será muito afetada.
Com Bolsonaro no hospital, as equipes das campanhas políticas dos adversários convergem em um ponto – desistir dos ataques ao candidato do PSL. “Quem vota no PT ou em Bolsonaro já está definido. O que vai haver é uma luta pelos indecisos entre os candidatos mais centristas”.
Pesquisa Ibope divulgada no dia 6 de setembro mostra 28% de eleitores indecisos ou que votariam em branco ou nulo. A pesquisa mostrou que o candidato que mais cresceu foi Ciro Gomes, encostando em Marina, que manteve os 12% da pesquisa anterior.
Antes do atentado, a estratégia da campanha de Marina já era deixar de participar de algumas sabatinas e debates e ir mais para as ruas. “Perdemos pontos no Nordeste, e temos que entender os motivos. No voto entre mulheres não perdemos, mas Ciro ganhou”, diz um assessor.
Mais do que conquistar eleitores do PT, nos próximos dias o esforço de Marina será de conquistar o que Pedro Ivo, porta-voz do Rede, chama de “Os Silvas”.
“São as pessoas que mais se identificam com Marina, com quem mais ela se conecta”, explica um colaborador. Na próxima semana, Marina deve viajar ao Nordeste. Salvador e Maceió são duas possibilidades. “Só estamos avaliando o efeito que o atentado pode ter na campanha das ruas”.
“Esta é uma campanha inédita em que os líderes não estarão fazendo campanha nas ruas. Os que estavam em primeiro lugar, um está preso e o outro, no hospital”.
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