Por Fernando Taquari, Fabio Murakawa, Marcelo Ribeiro e Daniela Chiaretti | Valor Econômico
SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ataque contra Jair Bolsonaro (PSL) deu início a uma nova campanha eleitoral para os principais candidatos à Presidência da República. Dirigentes partidários e estrategistas consultados pelo Valor são unânimes em dizer que a eleição ganha novos contornos depois do atentado sofrido pelo ex-capitão do Exército. Entre seus adversários, há o entendimento de que Bolsonaro sai fortalecido e com grandes chances de chegar ao segundo turno, ainda que ainda faltem 30 dias para a eleição. Pesquisas eleitorais que começam a ser publicadas nesta segunda-feira, ajudarão a redefinir as campanhas.
O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, vai suspender momentaneamente as críticas contra Bolsonaro no horário eleitoral gratuito. Tucanos querem evitar que ele se torne um mártir e desponte como grande favorito. O PSDB fará pesquisas qualitativas para medir o impacto do episódio e assim definir a melhor tática para os últimos 30 dias de campanha. Enquanto isso, Alckmin adotará na semana que vem uma linha mais propositiva ao mesmo tempo em que destacará os riscos de uma radicalização política.
No entorno do candidato Ciro Gomes (PDT) não há previsão de grandes mudanças. Por ora, a ordem é esperar a “poeira baixar”. Bolsonaro, avaliam os pedetistas, tem uma rejeição consolidada e um teto de crescimento. Ciro tende a poupá-lo de críticas. Até porque acredita que o principal prejudicado com o episódio será Geraldo Alckmin (PSDB). O candidato do PDT, conforme aliados, vai seguir com a estratégia de “popularizar” a campanha, sobretudo entre os mais pobres, as mulheres e os eleitores do Nordeste.
O PT também não vê razões para alterar sua estratégia de campanha. Na visão de lideranças petistas, Bolsonaro tem sido e continua sendo neste momento um problema eleitoral para o PSDB, de quem vinha sofrendo os ataques mais incisivos. Há, no entanto, uma preocupação no partido: a de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perca protagonismo para o rival. Da mesma forma, teme-se que o discurso de vitimização de Lula perca força diante de um Bolsonaro esfaqueado. Mesmo assim, dirigentes da legenda defendem a tática de manter Lula como eixo central da campanha.
Marina Silva (Rede), por sua vez, continuará a fazer o discurso de união contra os extremos. Há um entendimento dentro do comitê de campanha da ex-senadora de que ela se coloca como alternativa ao cenário mais radical e não deve desviar a rota. “Não muda a fala, não muda a proposta”, diz Andrea Gouvêa, coordenadora da campanha de Marina. “Marina se coloca como uma alternância no poder entre PT, PSDB e MDB, que já tiveram a oportunidade de dar a sua contribuição”.
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