quinta-feira, 19 de julho de 2018

Josué será o nome indicado pelo Centrão para vice

Por Andrea Jubé, Carla Araújo e Fabio Murakawa | Valor Econômico

BRASÍLIA - Depois de frustrada a aliança com o PSL de Jair Bolsonaro, o PR passou a integrar, formalmente, o bloco de partidos do Centrão, que tenta caminhar unido na eleição presidencial. Formado por PP, DEM, PRB e SD, o "blocão" segue dividido entre o apoio a Geraldo Alckmin (PSDB) ou Ciro Gomes (PDT). Com o reforço do PR, os dirigentes do grupo acertaram que o empresário Josué Alencar, filiado à legenda, será indicado para a vaga de vice do candidato escolhido.

Uma liderança da sigla diz que o nome de Josué "é bom para qualquer candidatura que o bloco venha a apoiar". A tendência continua sendo apoiar Geraldo Alckmin, conforme informou o Valor na última segunda-feira.

A expectativa é que essa rodada de reuniões do Centrão, agora com a adesão do PR, seja definitiva. Um líder do grupo diz que as conversas estão amadurecidas, e uma palavra final pode sair nesta quinta-feira. O grupo volta a se encontrar nesta manhã na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ontem estava no Chile, e não compareceu ao jantar na casa do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Ontem, ao longo do dia, dirigentes do grupo reuniram-se, separadamente, em conversas bilaterais. Os presidentes do DEM, ACM Neto, e do PRB, Marcos Pereira, almoçaram juntos. Valdemar Costa Neto, principal liderança do PR, reuniu-se à tarde com Ciro Nogueira.


Na semana passada, no momento em que o PR ainda negociava com Bolsonaro, o ex-governador do Ceará Cid Gomes - irmão de Ciro, - reuniu-se com Valdemar para tentar atrair o PR para aliança com o PDT.

No grupo, atualmente, enquanto PP, Solidariedade e uma ala do DEM querem caminhar com Ciro Gomes, o PRB e outra parte importante do DEM tendem a apoiar a candidatura tucana. Mais de uma liderança do bloco aponta Alckmin como um político de perfil "estável" e "previsível", mas que ainda aparece nas pesquisas com alta rejeição. Por outro lado, Ciro Gomes tem rejeição menor, porém é considerado "imprevisível".

Em desfavor do tucano, entretanto, pesa uma pesquisa encomendada pelo DEM que apontou uma rejeição de mais de 60% dos eleitores ao PSDB. Alckmin, entretanto, consegue se descolar do partido, e na avaliação pessoal, o percentual de rejeição é de 50%.

Quanto a Ciro Gomes, o bloco tem receio de apoiar o pedetista, e ao final, se ganharem o pleito, ele não honrar os compromissos assumidos com os aliados. Um líder do bloco relembra que quando era ministro da Integração Nacional, no governo Lula, Ciro Gomes recusou-se a nomear indicados dos aliados do governo para cargos vinculados à pasta.

O deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, disse ontem, antes do jantar, que o fim das negociações entre o PR e Bolsonaro facilitava as articulações do Centrão para se unir em torno de uma mesma candidatura nas eleições de outubro.

"[O fracasso das conversas do PR com Bolsonaro] facilita a unidade do grupo", afirmou. Paulinho disse ainda que a ideia do grupo é ter uma candidatura "que una direita e esquerda para fazermos caminho do meio".

Paulinho diz que "Alckmin é mais do mesmo, o Ciro é mais pela esquerda e a maior parte do nosso grupo é de centro-direita." Para o dirigente, caso o grupo se feche em torno de Ciro, "quem tem mais a perder é o PT".

Líder do PR na Câmara, o deputado José Rocha (BA) descartou que o fim das negociações com Bolsonaro pudesse reativar uma aliança do partido com o PT na eleição presidencial. No início das negociações, antes da prisão de Lula, o PR caminharia com o PT, indicando Josué como vice do ex-presidente.

Rocha, que já disse que pretende subir no palanque petista em seu Estado, se reuniu ontem com Valdemar. "Estamos caminhando para Alckmin, Ciro ou Álvaro Dias (Podemos)", disse ele ao Valor. "[Aliança] com o PT não tem chance porque vão com Lula até onde der certo e não vai ter uma definição logo."

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