Um tem a caneta mais poderosa da República. O outro, maior popularidade
Em setembro último, a um grupo de servidores da Receita Federal, um ministro do Tribunal de Contas da União disse ter ouvido de Jair Bolsonaro que Sérgio Moro não terminaria o ano no cargo.
Não ficou claro para os servidores se Moro não ficaria porque seria demitido por Bolsonaro ou se não ficaria porque pediria demissão. Mas ele ficou. Frustrou-se, portanto, a previsão de Bolsonaro.
Quanto mais tempo ficar no cargo de ministro da Justiça, melhor para Moro – seja para aumentar suas chances de ser candidato a vice de Bolsonaro em 2022, seja para concorrer à sucessão dele.
Moro sabe disso. Bolsonaro, também. Os dois movimentam suas peças num tabuleiro invisível de xadrez. Bolsonaro comporta-se como candidato à reeleição. Moro, disfarça sua ambição.
Bolsonaro é dono da caneta BIC mais poderosa da República, capaz de fazer e desfazer ministros. Mas Moro é mais popular do que ele fora da Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A partida que disputam requer mais refinamento de Moro. Ora, o ministro engole sem reclamar decisões de Bolsonaro que o contrariam. Ora, com jeito, manifesta seu desagrado.
Na maioria das ocasiões, o desafio de Moro é demarcar-se de Bolsonaro sem provocar sua fúria. Ou sem criar uma situação que o obrigue a sair do governo antes da hora que não sabe qual será.
Bolsonaro não se engana com Moro, nem Moro com Bolsonaro. No momento, por conveniência de parte a parte, estão juntos. Mas no futuro, é improvável que estejam.
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