Vivemos hoje um momento histórico em que o Brasil pode assumir relevância especial no contexto da América do Sul – desde que se disponha a mobilizar suas melhores virtudes e suas melhores energias.
Um momento em que devemos nos firmar, aos olhos de nossos vizinhos sul-americanos e de todo o mundo, como o espaço por excelência da democracia. Como espaço de estabilidade e confiança. De lucidez e serenidade. De firmeza institucional.
Mas, para isso, temos de ter os pés no chão. De saber nos comportar. De buscar o entendimento. Em suma, é preciso ter juízo. Não vamos jogar o bom senso e a razão na lata do lixo.
Qualquer brasileiro sério, que ama verdadeiramente nosso país, sabe muito bem que não é possível confundir nação com facção. Sabe que não é hora para provocações primárias e mesmo infantis. Que não é hora para adotar e muito menos cultivar a prática da agressão e a sistemática da desavença e do desentendimento.
A grande virtude da política, num horizonte democrático, está em sua capacidade de afetar positivamente a vida nacional. De instaurar climas consensuais, em busca dos melhores caminhos e das melhores soluções para o país. E é neste sentido que os poderes republicanos devem se mover. A menos que o objetivo seja implantar o caos. Disseminar a desordem, na procura de confrontos que terão consequências imprevisíveis para todos.
Mas, justamente nesta conjuntura em que necessitamos nos afirmar como uma nação marcada pela solidez e a serenidade, inclusive para retomar o rumo do desenvolvimento econômico e social do país, brotam incompreensivelmente posturas grosseiras e brutalistas querendo embaralhar tudo. Posturas que apontam para o inferno político e social. Que pretendem destruir as regras elementares da convivência. E dinamitar a democracia.
Diante de tanta desorientação e tanto delírio autoritário, cabe às pessoas de bem defender o Brasil. Vamos nos prevenir contra armadilhas e sabotagens anti-institucionais e antidemocráticas. Contra as tentativas de asfixiar a liberdade de expressão. Contra os ataques frequentes à lei maior do país. Contra a ânsia irresponsável de agitar os quartéis. Contra o espírito arruaceiro. Contra os arautos da desordem. Contra o projeto doentio de atirar os brasileiros uns contra os outros.
Sim. Diante de tanto desatino e tanto desvario, cabe a cada brasileiro que ama o Brasil a missão de se converter em guardião da democracia.
*Antonio Risério é um antropólogo,ensaísta e historiador
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