- O Estado de S.Paulo
Realmente os tempos são outros. Os dias de hoje trazem tanto notícias muito boas, como muito ruins. Até os pessimistas estão em dúvida de como enxergar a realidade.
Quem diria que chegaríamos a juros básicos no Brasil em 3%, com taxa real de juros abaixo a 0,26% ao ano e inflação prevista abaixo de 1% para 2020. Até bem há pouco tempo acreditávamos que nosso país fosse ter taxas de baixas de inflação e juros, mas a perspectiva é que essa conjunção de fatores viesse para permitir o nosso desenvolvimento econômico e social. Que nossos dirigentes aproveitassem o momento para acertar as contas do país, déssemos um passo decisivo para o acerto das contas públicas, acabasse a farra fiscal, fim a certos privilégios e tudo que nos tornasse a nação que os brasileiros merecem – aquela que está sempre presente nos discursos, mas que nunca se torna realidade.
Mas, o fato é que não estamos fazendo a lição de casa. A condução do combate a pandemia, os desencontros entre as autoridades, a volta do fisiologismo, que nestas bandas adquire o título de “centrão”, entre outras atitudes, não trazem novo ânimo. Talvez seja a dura realidade se mostrando como tal. No entanto, essa realidade também permite observar atitudes nobres na direção da solidariedade, de união entre concorrentes e de instalação de uma rede de proteção social.
Todos os dias temos notícias de empresas e entidades fazendo muita coisa boa, criando uma rede que busca aliviar a situação das pessoas e no combate a covid-19. Desde entrega de respiradores, máscaras, cestas básicas, leitos hospitalares, até amparo psicológico. Não só aqui, o exemplo também vem de outros países. Nestes dias andei trocando mensagens com um amigo que está em Portugal, o William Eid, que me contou de ações concretas de proteção social para a população e um espírito de comunidade/solidariedade que permitiu antes mesmo de qualquer medida do governo que o comércio fechasse suas portas, no início de março, antes de qualquer morte.
Outro exemplo de sucesso por lá são as “caixas solidárias” encontradas em praças ou na porta de supermercados, que são grandes caixas do tipo “quem puder encha, se precisar pegue”. Em Portugal o governo estendeu a assistência médica gratuita aos imigrantes ilegais. Enfim, tanto aqui como em outros países, temos exemplos de mostras de humanidade e cuidado com o outro.
Neste momento, uma atitude concreta pode ser tomada por todos quando da declaração do imposto de renda: doar parte do imposto de renda devido a Projetos de Assistência Social. A previsão é que os projetos sociais também sentirão os efeitos econômicos da pandemia. É importante buscarmos incentivar ações tornado a dura realidade em algo mais humano.
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