- Folha de S. Paulo
Governo atual é prova de que mundo acertou ao não conceder vaga no CS ao Brasil
O governo de Jair Bolsonaro e seus posicionamentos na arena internacional são a prova definitiva de que o mundo acertou ao não conceder ao Brasil um lugar como membro permanente do Conselho de Segurança (CS) da ONU, organização que completa 75 anos de existência.
Não que tenha havido uma chance clara de galgarmos tal condição. As discussões sobre reforma da ONU dificilmente passarão de discussões. Mas, durante muito tempo, em especial nos governos petistas, conquistar uma vaga permanente foi meta quase obsessiva do Itamaraty, o que, aliás, nos levou a posicionamentos moralmente discutíveis, incluindo a defesa de ditaduras de olho em seus votos.
Os despautérios
sobre queimadas e pandemia que Bolsonaro deve proferir hoje em seu discurso de
abertura da Assembleia Geral ficam mais ou menos limitados a nos expor ao
ridículo, porque não passamos de um membro ordinário da organização Mas, se
tivéssemos um papel de maior relevo, aí as inconstâncias e insensatezes de
governos brasileiros teriam um impacto negativo mais concreto sobre o mundo.
Uma das funções do CS é promover a moderação e limitar a capacidade das grandes
potências de fazer o que bem entenderem.
O problema de fundo, que nos inabilita para uma vaga permanente no CS, é que nossa institucionalidade não evoluiu o bastante para diferenciar na prática os interesses estratégicos do Estado brasileiro dos objetivos propagandísticos de governos, que são por definição transitórios.
Pessoalmente,
vou até um pouco mais longe e acho que o Brasil deveria abdicar permanentemente
de alcançar uma vaga permanente no CS. Ela serviria para inflar o ego de
presidentes, ministros e diplomatas, mas não vejo que benefícios traria ao
cidadão. Pelo contrário, implicaria mais despesas para os cofres públicos e nos
levaria a fazer alguns inimigos no cenário internacional. Não há nada errado em
ser uma nação "low profile".
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