É novidade a sincronia entre Brasília e
Washington no planejamento do cerco militar ao regime de Caracas
Na sexta-feira, o
secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acabou enredado num roteiro quase
cômico. Saiu de Washington, parou em Boa Vista, xingou o ditador vizinho
Nicolás Maduro, desafiando-o a sair no braço, voltou ao avião e foi embora.
Teve como coadjuvante o chanceler Ernesto Araújo, burlesco cruzado do
obscurantismo bolsonarista, para quem um agente “comunista-globalista” é o
responsável pela morte de mais de 137 mil brasileiros — o “comunavírus”.
Da visita de Pompeo,
ex-chefe da CIA, restou o eco da investida contra o líder da cleptocracia
venezuelana, qualificado como narcotraficante. Nada de novo, tudo verdade.
Inovador foi o aval do
governo Jair Bolsonaro a um diplomata estrangeiro para usar o território
brasileiro num ataque a governo vizinho. Esse delito constitucional foi
flagrado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Desde a redemocratização,
interferências indevidas na política dos vizinhos eram feitas no exterior.
Lula, por exemplo, fez comícios na Venezuela pela reeleição do ditador Hugo
Chávez e mobilizou a marquetagem do PT para ajudar a eleger o sucessor Maduro,
enquanto a Odebrecht pagava as contas.
Outra novidade foi a
sincronia entre Brasília e Washington no planejamento do cerco militar ao
regime de Caracas. Mobilizaram-se três mil soldados brasileiros, satélites e
baterias de foguetes, levadas por 4,6 mil km, numa simulação de guerra
convencional na fronteira Norte.
A “Operação Amazônia”
acaba amanhã. Foi desenhada junto com a “Poseidon” no Caribe, conduzida pelo
Comando Sul dos EUA com tropas colombianas. O cerco a Maduro incluiu Guiana e
Suriname, que disputam limites no Atlântico com a Venezuela para exploração de
petróleo. Pompeo visitou-os e saiu com acordos de livre trânsito para os aviões
do Pentágono.
Ontem, em Brasília, parlamentares preparavam “moção de censura” ao secretário americano pela cena insólita em Boa Vista. Alvo errado. Foi Bolsonaro e o seu chanceler que jogaram o Brasil num plano de guerra contra a Venezuela, e com explícito desprezo ao Congresso.
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