Em outubro de 2015, a juíza Daniela
Barbosa Assumpção foi agredida ao vistoriar o Batalhão Especial Prisional, no
Rio. A magistrada teve a blusa rasgada e os óculos e sapatos arrancados. Os
agressores eram policiais que tentavam manter regalias na cadeia.
Horas depois
do incidente, o então deputado Flávio Bolsonaro foi até o local. Em vez de
prestar solidariedade à juíza, ele deu apoio aos PMs, que usavam celulares e
promoviam churrascos no cárcere. Alegou que os presos estavam sendo “tratados
como bandidos” e tinham direito à presunção de inocência.
A exemplo do pai, Flávio tem uma visão particular da Justiça. Quando os
criminosos vestem farda, ele se comporta como um defensor das garantias
constitucionais. Em outros casos, repete o discurso de que “bandido bom é
bandido morto”.
Ontem o
senador divulgou foto com uma réplica de CPF atravessada por uma tarja vermelha,
onde se lia a inscrição “cancelado”. Na imagem, Flávio sorri e ergue o polegar
em sinal de positivo. No dialeto bolsonarista, “cancelar um CPF” equivale a
matar um suspeito.
A cena foi
um ato de apologia da violência policial. Num país em que a Constituição proíbe
a pena de morte, o primeiro-filho celebrou a execução sem julgamento, a
barbárie disfarçada de defesa da lei.
Flávio
estava no estúdio do “Alerta Nacional”, programa sensacionalista gravado em
Manaus e transmitido pela RedeTV!. A atração mistura noticiário policial com
números circenses. Seu apresentador, Sikêra Jr., é um histriônico defensor do
governo.
Na gravação,
o senador dançou com o elenco do programa ao som de uma música que ironizava
“maconheiros”. Enquanto ele fazia graça, procuradores o esperavam no Rio para
uma acareação com o empresário Paulo Marinho. O Zero Um não apareceu,e seus
advogados disseram que ele estava em agenda oficial.
O vídeo da
dancinha fala por si: Flávio debochou do Ministério Público Federal, que agora
estuda enquadrá-lo por crime de desobediência. Para sorte do Zero Um,
procuradores não defendem a morte de bandidos. Só querem investigá-los e
denunciá-los à Justiça.
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