À
caça de novos conflitos
Uma
vez que desistiu, não se sabe por quanto tempo, de bater de frente com o
Congresso e o Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro, que só
vive à base de conflitos, saiu à procura de novos alvos. E, no momento, elegeu
pelo menos três de grande porte: a pandemia, o futuro governo Joe Biden e a
China.
Uma
segunda onda, ou o recrudescimento da primeira, bate às portas do país segundo
todos os indicadores conhecidos até agora. E o que faz o [des] governo? Por
ora, nada. Estoca quase 7 milhões de kits de testes do Covid-19 por ser incapaz
de distribuí-los com os Estados. Ou simplesmente porque não quer distribuir.
Arrasta-se
no processo de compra de vacinas suficientes para imunizar toda a população do
país. Persiste em discriminar a vacina chinesa que será produzida pelo
Instituto Butantã, em São Paulo, Estado governado por seu arqui-inimigo João
Doria (PSDB). E sequer tem um plano para a vacinação em massa.
Joe Biden, candidato do Partido Democrata, foi eleito presidente dos Estados Unidos há duas semanas. Estados onde ele venceu recontaram os votos e confirmaram sua vitória. Donald Trump, o tutor de Bolsonaro, ordenou o início da transição de governo. Nem assim, Bolsonaro cumprimentou Biden até hoje.
Difícil
imaginar que os filhos Zero de Bolsonaro ajam à revelia do pai. Jamais ousariam
desafiar um patriarca tão mão de ferro, e que os educou para que obedecessem às
suas ordens. Carlos, o Zero Dois, quando foi para cima do general Santos Cruz,
então ministro da Secretaria de Governo, tinha sinal verde do pai.
Eduardo,
o Zero Três, teve o aval para escrever no Twitter que a adesão do Brasil ao
programa Clean Netwok, dos Estados Unidos, sobre a tecnologia 5G, reforça a
“aliança global por um 5G seguro, sem espionagem da China”. Verdade que Eduardo
apagou o que havia escrito 24 horas depois, mas aí já era tarde.
Em
uma longa e dura nota oficial, a embaixada da China no Brasil acusou Eduardo e
“algumas personalidades” de produzirem “uma série de declarações infames que,
além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira solapam a
atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”.
E
disse também: “Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da
direita americana e cessar as desinformações e calúnias sobre a China. […] Caso
contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a
responsabilidade de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil.”
A
China é o maior parceiro comercial do Brasil no mundo. O tal programa americano
citado por Eduardo quer convencer governos estrangeiros a somente permitir em
suas redes 5G equipamentos de fornecedores não chineses. As principais empresas
brasileiras já usam tecnologia chinesa em suas redes 4G.
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