A
disputa pela prefeitura do Rio desceu até o nível do pré-sal. Nos últimos dias
de campanha, Marcelo Crivella e Eduardo Paes travam um duelo de agressões e
ofensas. O comportamento dos candidatos ajuda a rebaixar a cidade, que já sofre
com a pandemia, a crise econômica e os sucessivos escândalos de corrupção.
Em
apuros nas pesquisas, Crivella apelou à tática da guerra santa. Num vídeo
dirigido a eleitores evangélicos, ele disse que Paes implantaria a pedofilia
nas escolas. Não foi a única baixaria protagonizada pelo bispo da Igreja
Universal.
Sua
campanha imprimiu 1,5 milhão de panfletos em que Paes aparece ao lado de
Marcelo Freixo. Além de emporcalhar as ruas, a peça difunde mentiras. Acusa os
dois de defenderem legalização do aborto, liberação das drogas e “kit gay” nas
escolas.
Crivella investe no fundamentalismo e na desinformação. A legislação sobre drogas e aborto é federal, nada tem a ver com as atribuições de um prefeito. O “kit gay” nunca existiu. É uma ficção usada por políticos reacionários para tapear eleitores religiosos.
O
bispo parece descontrolado diante da perspectiva da derrota. No debate da Band,
ele disse que o adversário “não gosta de mulher”. Ontem faltou à tradicional
sabatina da rádio CBN. À noite, sua propaganda afirmou que Paes estaria prestes
a ser preso por corrupção. O discurso já foi usado por um certo ex-juiz, hoje
mais perto de Bangu do que do Palácio Laranjeiras.
Com
42 pontos de vantagem, Paes poderia ignorar as ofensas e fazer uma campanha
propositiva. Não é o que se vê na TV. Para rebater a sujeirada de Crivella, o
ex-prefeito também resolveu chafurdar na lama. Ontem à noite, ele não deu as
caras no próprio programa. Foi representado por uma atriz que chamou o outro
candidato de “falso pastor”, “mercenário” e “traíra”.
No rádio, o ex-prefeito disse ser contrário à educação sexual nas escolas. “Isso deve partir de dentro de casa, do seio da família”, afirmou. O ensino demonizado por demagogos ajuda a prevenir doenças e gravidez precoce. Na corrida pelo voto religioso, Paes se curvou ao obscurantismo do rival.
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