Nos
EUA, um país a reconstruir; no Brasil, a possibilidade de não haver mais país
Em
“De
Volta para o Futuro” (1985), Michael J. Fox, vindo daquele ano, vai ao
passado pela primeira vez e se refere a Ronald Reagan como o presidente dos
EUA. Christopher Lloyd, o cientista, não acredita: “Reagan, o ator? Presidente
dos EUA??? E quem é o vice? Jerry Lewis???”. Em 1955, ano em que se passa a
história, Reagan, já relegado a filmes B, não poderia ser o presidente nem na
tela —papel reservado a atores sóbrios e amados, como Henry Fonda, Ralph
Bellamy, Fredric March—, quanto mais na vida real. Pois, em 1980, a vida real elegeu
Reagan. Pena que sem Jerry Lewis.
Claro que, diante de Donald Trump, Reagan ganhou estatura de estadista, digno sucessor de Washington, Lincoln e Franklin Roosevelt. Trump rebaixou o cargo a níveis que nem o genocida James Buchanan (1857-61), o imoral Richard Nixon (1969-74) e o mentiroso George W. Bush (2001-09) se atreveram. Fez isto somando e absorvendo as piores ignomínias desses três e acrescentando a última audácia que os EUA esperariam de seu presidente —um projeto de golpe e ditadura.
Trump
sairá pelos fundos da Casa Branca em 48 horas, mas o mundo ainda não
está a salvo. Até o último minuto ele continuará a fazer o mal —insuflando seu
gado ao ódio, sonegando dados sobre a pandemia para seu sucessor e cogitando
anistiar a si mesmo e à sua família pelos crimes que cometeram. Muitos
americanos que o apoiaram descobrem agora que sua ideia de poder não visava a
um fim, qualquer que fosse. Ele era o meio e o fim. A psiquiatria deve ter um
nome para isso.
Com
o fim de Trump, os americanos têm um país a reconstruir. Aqui chegamos à metade
do mandato do subclone Jair Bolsonaro e o pior ainda está por vir.
Pendurado na brocha sem a escada de seu líder, só cabe a Bolsonaro recrudescer. Ele também se vê como um meio e um fim. Resta ver quem chegará primeiro a este fim —ele ou o Brasil.
Um comentário:
Tem. Chama-se Ponerologia, Psicopatas no Poder e está em livro!
MAM
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